Desenhos de gladiadores feitos por crianças são encontrados em Pompeia
Descobertas de afrescos sofisticados não são novidade nas escavações das ruínas de Pompeia, na Itália. Mas agora os arqueólogos encontraram algo diferente: desenhos de gladiadores em traços infantis. Segundo os pesquisadores, eles foram feitos por crianças que se inspiraram nas batalhas que assistiam na cidade destruída pela erupção do vulcão Vesúvio, em 79 d.C.
Exposição à violência
De acordo com os arqueólogos, os desenhos ajudam a compreender melhor a infância na antiguidade romana. "A exposição de crianças pequenas (com idades estimadas entre 5 e 7 anos) a formas extremas de violência não parece ser um problema só de hoje, entre videogames e redes sociais - com a diferença de que antigamente o sangue derramado na arena era real e poucos o viam como um 'problema', com todas as repercussões possíveis no desenvolvimento psicomental das crianças pompeianas", diz um comunicado do Parque Arqueológico de Pompeia.
Gladiatori e cacciatori, dipinti da bambini piccoli con il carboncino sui muri di un cortile di servizio, nella casa del Cenacolo colonnato su via dell’Abbondanza a Pompei, aiutano a capire meglio l’infanzia ai tempi degli antichi romani. pic.twitter.com/Fgm1539qHZ
— Pompeii Sites (@pompeii_sites) May 28, 2024
Os desenhos, feitos com carvão, foram encontrados nas paredes de um pátio de serviço em um local conhecido como "Casa do Cenáculo". Eles retratam uma cena com dois gladiadores frente a frente e uma cena de jogos de caça, com homens munidos de longas lanças, provavelmente com a intenção de enfrentar um par de javalis. Em um outro espaço, foram identificadas três pequenas mãos contornadas a carvão, duas cenas de gladiadores, um desenho que parece retratar duas figuras brincando com uma bola, um animal que provavelmente é um javali e uma cena que retrata um dos dois boxeadores deitados no chão.
"Provavelmente uma ou muitas das crianças que brincavam neste pátio, entre cozinhas, latrinas e canteiros de cultivo de hortaliças, haviam presenciado lutas no anfiteatro, entrando assim em contato com uma forma extrema de violência espetacularizada, que também poderia incluir execuções de criminosos e escravos”, disse Gabriel Zuchtriegel, diretor do Parque. “Os desenhos nos mostram o impacto disso no imaginário de um menino ou de uma menina, sujeitos aos mesmos estágios de desenvolvimento que ainda hoje existem", completou.