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Desvendado mistério sobre o desaparecimento de crateras causadas por asteroides

Depressões no solo produzidas por objetos espaciais há mais de dois bilhões de anos são impossíveis de serem encontradas
Por History Channel Brasil em 26 de Agosto de 2023 às 16:01 HS
Desvendado mistério sobre o desaparecimento de crateras causadas por asteroides-0

As crateras mais antigas da Terra causadas pela queda de asteroides são uma fonte preciosa de informações sobre o início do nosso planeta e a composição do Sistema Solar. No entanto, evidências de impactos que provocaram depressões no solo há mais de dois bilhões de anos são impossíveis de serem encontradas e não se sabia exatamente a razão disso. Em um novo estudo publicado no periódico Journal of Geophysical Research: Planets, cientistas afirmam que desvendaram esse mistério. 

Sem vestígios de crateras

Apesar de já terem descoberto evidências de rochas fundidas e minerais de alta pressão resultantes de impactos que aconteceram há mais de 3,5 bilhões de anos, os cientistas nunca encontraram as crateras em si. Isso é um problema para os pesquisadores, pois torna muito mais difícil a compreensão do papel que as quedas de asteroides tiveram na Terra primitiva. “Há muitas perguntas que poderíamos responder caso tivéssemos (acesso) àquelas crateras mais antigas", disse Matthew S. Huber, cientista planetário da Universidade de Western Cape, na África do Sul, e líder do estudo.

Cratera Vredefort
Cratera Vredefort (Imagem: Huber et al. (2023), Journal of Geophysical Research: Planets)

Em seu estudo Huber coletou dados que apontam o motivo para essa falta de evidências de crateras muito antigas formadas por impactos de asteroides. Segundo ele, a passagem do tempo e o implacável processo de erosão do solo são responsáveis por apagar esses indícios importantes. A grande questão para Huber e a sua equipe era saber até que ponto uma cratera pode ser "apagada" pela erosão antes que os últimos vestígios geofísicos remanescentes desapareçam.

Para responder a essa pergunta, os pesquisadores escavaram uma das estruturas de impacto mais antigas conhecidas do planeta: a cratera Vredefort, na África do Sul. A estrutura tem cerca de 300 quilômetros de diâmetro e foi formada há cerca de 2 bilhões de anos, quando um asteroide com cerca de 20 quilômetros de diâmetro se chocou contra o planeta. Hoje, tudo o que resta dela é um semicírculo de colinas baixas a sudoeste de Joanesburgo e alguns sinais menores e reveladores de impacto. O centro, causado pela elevação do manto, aparece em mapas gravitacionais, mas além disso faltam evidências geofísicas do impacto.

Huber coletou amostras do local para saber até que ponto essas camadas profundas são confiáveis para registrar impactos antigos, tanto do ponto de vista mineralógico quanto geofísico. O que ele descobriu foi um pouco decepcionante. Embora algum derretimento por impacto e minerais tenham permanecido, as rochas nas cristas externas da cratera de Vredefort eram essencialmente indistinguíveis das rochas sem impacto ao seu redor quando vistas através de lentes geofísicas. 

“Esse não era exatamente o resultado que esperávamos”, disse Huber. “A diferença, onde havia alguma, era incrivelmente discreta. Demorou um pouco para realmente entender os dados. Dez quilômetros de erosão e todas as evidências geofísicas do impacto simplesmente desaparecem, mesmo com as maiores crateras”, completou. O pesquisador acredita que as probabilidades de encontrar outras crateras produzidas há mais de dois bilhões de anos ao redor do mundo são escassas, a menos que elas tenham ocorrido em locais com níveis incomuns de erosão.

Fontes
AMERICAN GEOPHYSICAL UNION e Newsweek
Imagens
iStock