DNA revela origem diversificada dos habitantes de Machu Picchu

Escondida na zona rural rochosa a noroeste de Cusco, no Peru, acredita-se que a cidade de Machu Picchu tenha servido como propriedade real ou local religioso sagrado para os líderes incas. Agora, um novo estudo genético aponta que o local era habitado por uma população mais diversa do que se imaginava. Análises de DNA indicam que lá também viviam pessoas vindas de todos os pontos do império e de outras regiões sul-americanas.

Sequenciamento genético

Como outras propriedades reais, Machu Picchu era o lar não apenas da realeza e outros membros da elite da sociedade inca, mas também de serviçais e outros trabalhadores, muitos dos quais viviam no local o ano todo. Mas só agora, com evidências de DNA, a diversidade de suas origens foi comprovada. Um estudo sobre a descoberta foi publicado no periódico científico Science Advances.

A equipe de cientistas, liderada por Lucy Salazar, da Universidade de Yale, nos Estados Unidos, sequenciou e analisou o DNA conservado nos restos dentários de 34 indivíduos enterrados em Machu Picchu, há mais de 500 anos. Essas amostras foram comparadas com restos encontrados em Cusco e no Vale de Urubamba, além de 30 genomas modernos da América do Sul, para verificar suas relações de parentesco. As análises indicaram que os indivíduos eram provenientes de regiões tão distantes como Equador, Brasil, Paraguai e Colômbia, além dos nativos da área do atual Peru.

De acordo com o estudo, todos os indivíduos, independentemente de sua ascendência, foram enterrados nos principais cemitérios, embora fora dos prédios da elite. Isso pode indicar que não tinham status sociais diferentes entre si, ou que tivessem nascido fora de Machu Picchu. O modo como eles viviam é desconhecido, mas as evidências sugerem que tinham vidas confortáveis, pois atingiram uma idade avançada sem sinais de desnutrição, doença ou ferimentos causados por violência ou trabalho pesado.