Estudo revela que os neandertais sabiam nadar e mergulhar
Em 1949, uma extraordinária descoberta foi realizada em uma caverna na Itália: foram encontradas mais de 150 ferramentas, feitas a partir de conchas marinhas, que pertenceram aos neandertais. Agora, um grupo de arqueólogos estudou os artefatos e concluiu que os membros dessa espécie ancestral sabiam nadar e até mergulhavam em águas pouco profundas para buscar esses materiais.
As ferramentas, encontradas na caverna conhecida como Grotta dei Moscerini, têm cerca de 700 mil anos. Os pesquisadores descobriram que todas as conchas usadas para fabricá-las pertencem a uma espécie mediterrânea de moluscos chamada Callista chione. Comparando seus diferentes aspectos, como bordas ásperas, brilho e cracas incrustadas, os cientistas conseguiram determinar quais foram coletadas da praia, já mortas, e quais foram retiradas do fundo do mar. A análise concluiu que ao menos um quarto delas foram extraídas do leito marinho, e, para isso, os neandertais teriam mergulhado a profundidades que variavam entre 2 e 4 metros.
As ferramentas feitas com materiais marinhos são muito pouco comuns, já que a grande maioria utilizada pelos neandertais era de pedra. Na Grotta dei Moscerini também foram encontradas diversas pedras-pomes. Os pesquisadores acreditam que os neandertais provavelmente usavam esse material para afiar as ferramentas feitas de conchas. O estudo sugere que os neandertais usavam as ferramentas para cortar objetos ou utilizavam as conchas como pontas de lança para caçar animais como cervos.
Estudos anteriores já sugeriam a possibilidade de os neandertais terem sido nadadores e pescadores, o que parece se confirmar com essa nova descoberta. "Estamos começando a entender que os neandertais não caçavam apenas grandes mamíferos", disse Villa. "Eles também eram capazes de pescar e mergulhar", disse Paola Villa, autora do estudo e curadora do Museu de História Natural da Universidade do Colorado em Boulder, nos Estados Unidos.
Fontes: CNN e Science Alert
Imagens: Chettaprin.P / Shutterstock.com e Villa et al., PLOS ONE, 2019/Reprodução