Evidência mais antiga do uso de ópio é encontrada em Israel
Pesquisadores encontraram as evidências mais antigas do mundo do uso de ópio (e drogas psicoativas em geral). Resíduos da substância foram identificados em jarros do século XIV a.C. encontrados durante escavações em Tel Yehud, em Israel. Um estudo detalhando a descoberta foi publicado no periódico científico Archaeometry.
Ópio em rituais funerários
Os jarros contendo os resíduos foram encontrados em sepulturas cananeias, sugerindo que a droga era usada em rituais funerários. De acordo com os pesquisadores, a descoberta confirma escritos históricos e hipóteses arqueológicas segundo as quais o ópio e seu comércio desempenharam um papel central nas culturas do Oriente Próximo.
A descoberta aconteceu durante escavações que antecederam a construção de um projeto residencial. Várias sepulturas cananeias do final da Idade do Bronze foram encontradas no local. Ao lado delas, havia oferendas funerárias (jarros destinados a acompanhar os falecidos na vida após a morte). Entre as cerâmicas, destacou-se um grande grupo de vasos fabricados no Chipre.
Como os jarros têm forma semelhante à da flor da papoula quando fechada, surgiu a hipótese de que eram usados para consumir a droga durante rituais funerários. Agora, uma análise de resíduos orgânicos confirmou a presença de resíduos de ópio em oito deles. "Pode ser que durante essas cerimônias, conduzidas por familiares ou por um sacerdote, os participantes tentassem invocar os espíritos de seus parentes mortos para fazer um pedido e entrassem em estado de êxtase usando ópio", disse Ron Be'eri, da Autoridade de Antiguidades de Israel.
"Claro, não sabemos qual era o papel do ópio na cerimônia – se os cananeus em Yehud acreditavam que os mortos precisariam de ópio na vida após a morte, ou se eram os sacerdotes que consumiam a droga para os propósitos da cerimônia", disse Vanessa Linares, da Universidade de Tel Aviv. "Mais que isso, a descoberta lança luz sobre o comércio de ópio em geral. É preciso lembrar que o ópio era produzido a partir de papoulas, que cresceram na Ásia Menor – ou seja, no território da atual Turquia – enquanto a cerâmica em que identificamos o ópio foi feita no Chipre. Em outras palavras, o ópio foi trazido para Yehud da Turquia, através de Chipre; isso, claro, indica a importância que foi atribuída à droga”, completou.