Fósseis achados na Tailândia podem revelar segredos da evolução dos continentes
Pesquisadores encontraram na Tailândia fósseis de criaturas marinhas que viveram há cerca de 490 milhões de anos. A descoberta dos restos desses animais, conhecidos como trilobitas, poderá ajudar a entender melhor a evolução dos continentes. Um estudo sobre o tema foi publicado no periódico Papers in Palaeontology.
Quebra-cabeças 3D
Trilobitas são criaturas marinhas extintas que tinham cabeças em forma de meia-lua e respiravam pelas pernas. Os fósseis foram encontrados em Ko Tarutao, uma ilha a cerca de 40 minutos da costa tailandesa. No local, os pesquisadores identificaram 10 espécies previamente desconhecidas de trilobitas, além de outros 12 tipos encontrados em outras partes do mundo, mas nunca vistos na Tailândia.
A presença desses últimos fósseis no local pode estar relacionada à localização geográfica da área durante a época de Gondwana, o antigo supercontinente que incluía África, Índia, América do Sul, Antártida e Austrália. A descoberta indica que a Tailândia estava conectada ao continente australiano naquele período. “Agora podemos ligar a Tailândia a partes da Austrália, uma descoberta realmente emocionante”, disse Shelly Wernette, pesquisadora da Universidade do Estado do Texas e líder do estudo.
Os restos fossilizados estavam presos entre camadas de cinzas petrificadas em arenito, formadas por antigas erupções vulcânicas que se depositaram no leito do mar, criando uma camada de tufo verde. “Os tufos vão permitir que determinemos não só a idade dos fósseis que encontrámos na Tailândia, mas também compreender melhor partes do mundo como a China, a Austrália e até a América do Norte, onde fósseis semelhantes foram encontrados em rochas que não podem ser datadas”, afirmou Wernette.
“Como os continentes mudam ao longo do tempo, parte do nosso trabalho tem sido descobrir onde esta região da Tailândia estava em relação ao resto de Gondwana”, disse Nigel Hughes, coautor do estudo e professor de geologia da Universidade da Califórnia em Riverside. “É um quebra-cabeças 3D que se move e muda de forma enquanto tentamos montá-lo. Esta descoberta nos ajudará a fazer isso”, completou.