Futebol no holocausto: conheça a história do jogo mais mortal de todos os tempos
O tradicional time ucraniano Dínamo de Kiev tem em sua história um mortal jogo de futebol, em que seus jogadores não se entregaram diante de um duelo contra os nazistas e pagaram isso com a vida.
O heroísmo desses jogadores, símbolos da luta contra o totalitarismo e racismo, no entanto, parece ter sido esquecido pela torcida e até por um diretor do clube, que sugeriu recentemente separar os torcedores negros em seu próprio estádio, num ato "contra o racismo".
Na época da Segunda Guerra Mundial, em 1942, o atual Estádio Zenite, em Kiev, foi palco de um dos jogos de futebol mais infames de todos os tempos.
O confronto, apelidado de Jogo da Morte, foi disputado há mais de 70 anos, no dia 9 de agosto de 1942, quando a região era ocupada pelos nazistas. Na época, o local era chamado de Estádio do Start, em que o time do Start (formado por trabalhadores de padaria ucranianos, que também jogavam profissionalmente, alguns no Dínamo de Kiev), enfrentou a equipe Flakelf, ou Flak 11, composta por uma equipe militar de elite alemã.
Muitos fatos são incertos até hoje sobre o jogo, mas, de acordo com a lenda, os alemães avisaram a equipe local, com antecedência e/ou no intervalo, que era melhor que os donos da casa perdessem a partida, conselho que os ucranianos ignoraram, vencendo o confronto por 5 a 3. Como consequência, os principais membros do Start teriam sido mortos. De acordo com alguns relatos, quatro ou cinco jogadores do Start morreram num período de até seis meses depois do jogo.
A história foi parar no cinema, no filme Fuga para a Vitória (Victory, 1981), com Sylvester Stallone, Michael Caine e Pelé. Ficção ou não sobre o que teria acontecido naquele dia, o chamado “Jogo da Morte” ainda segue com muitos dos seus mistérios vivos depois de mais de 70 anos.
Com o tempo, o drama daquele jogo de 1942 ganhou força e virou um símbolo de patriotismo da Ucrânia, país que perdeu entre 800 mil a um milhão de pessoas durante a Guerra.
Infelizmente, o ato de heroísmo do passado contra um regime totalitarista e racista como o Nazista, parece ter sido esquecido. Atualmente, torcedores do time foram alvos de ataques racistas de outros fãs do mesmo clube durante jogos. O diretor do Estádio Olímpico de Kiev, Volodimir Spilchenko, chegou a cogitar a separação nas arquibancadas para negros, em um ato "contra o racismo", como ele defendeu.