Habitantes da Ilha de Páscoa teriam chegado à América 200 anos antes de Colombo
Novas evidências apontam que os habitantes da Ilha de Páscoa podem ter chegado à América antes de Cristóvão Colombo. Os pesquisadores chegaram a essa conclusão por meio de uma análise genética realizada nos restos mortais de 15 indivíduos nativos que viveram entre 1670 e 1950 na ilha (também conhecida como Rapa Nui). Um estudo sobre a descoberta foi publicado na revista Nature.
Contato pioneiro
A Ilha de Páscoa é um dos lugares habitados mais isolados do mundo. Localizada no Pacífico, está a mais de 1.900 km a leste da ilha polinésia habitada mais próxima e a 3.700 km a oeste da América do Sul. Os resultados do novo estudo desafiam teorias anteriores e sugerem que os antigos polinésios podem ter feito longas viagens marítimas, conectando-se com povos indígenas americanos muito antes do contato europeu.
O estudo genético revelou que cerca de 10% do DNA dos rapanui tem origem indígena americana. Mais importante, os pesquisadores conseguiram inferir que as duas populações se encontraram antes da chegada dos europeus à ilha e às Américas. "Analisamos como o DNA indígena americano estava distribuído no contexto genético polinésio dos rapanui. Essa distribuição é consistente com um contato ocorrido entre os séculos XIII e XV", disse Víctor Moreno-Mayar, professor da Universidade de Copenhague, na Dinamarca.
"Embora nosso estudo não possa dizer onde esse contato ocorreu, isso pode significar que os ancestrais rapanui chegaram às Américas antes de Cristóvão Colombo", acrescentou Anna-Sapfo Malaspinas, professora da Universidade de Lausanne, na Suíça. "Acreditamos que isso significa que os rapanui foram capazes de realizar viagens ainda mais impressionantes pelo Pacífico do que se pensava anteriormente", completou Bárbara Sousa da Mota, estudante de doutorado da mesma instituição.
Além disso, o estudo desmentiu a teoria do "ecocídio" que afirmava que os rapanui teriam causado um colapso populacional devido à exploração excessiva dos recursos da ilha. As análises genéticas mostram uma população estável entre os séculos XIII e XVIII, contradizendo a ideia de um colapso antes do contato europeu. “Os dados sugerem uma população resiliente que resistiu a desafios ambientais até a chegada dos colonizadores”, acrescenta Sousa da Mota. Isso reforça um outro estudo recente que chegou à mesma conclusão.