A história do menino judeu que foi vizinho de Hitler
"Eu sabia muito bem, mesmo quando eu tinha 8 anos de idade, que era um péssimo negócio para nós."
Você, provavelmente, pensaria a mesma coisa, mesmo sendo uma criança, se soubesse que o vizinho do outro lado da rua era ninguém menos do que Adolf Hitler.
O sentimento deveria ser pior ainda caso você fosse um judeu. A declaração é do ex-vizinho de Hitler, o historiador Edgar Feuchtwanger que vive em Londres desde 1939, ano em que conseguiu fugir, ao lado de sua família judia, do pesadelo nazista. Aos 91 anos, ele concedeu uma entrevista a Christiane Amanpour, da CNN, no final do mês de junho, onde contou como foi dividir por nove anos o endereço na rua Prinzregentenplatz, em Munique, com um dos maiores genocidas da história (veja o vídeo no final do texto).
Encontro com Hitler
Hitler, então um político em ascensão, mudou-se para o endereço em 1929. A casa serviu como residência principal do líder alemão até 1933. Edgar lembra do seu primeiro encontro com Hitler, em 1932: “Minha babá tinha me levado para uma caminhada. Passei por sua porta principal exatamente na mesma hora em que ele saía. Ele me olhou e eu olhei para ele, e sua atitude foi cordial”.
"Havia algumas pessoas na rua que imediatamente gritaram 'Heil Hitler'", recorda.
Tensão
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Inimigo pessoal
"Se ele (Hitler) soubesse quem eu era, eu não estaria aqui falando com você", disse Feuchtwanger para Amanpour, referindo-se à sua condição de judeu.
Além de disso, seu tio, Lion Feuchtwanger, era um escritor de destaque que havia se tornado uma espécie de "inimigo pessoal" de Hitler. Um dos seus livros, "Success", contava com um personagem que era parecido com Hitler, chamado Rupert Kutzner. "Se eles tivessem descoberto que eu tinha uma relação próxima com Lion, nós não estaríamos aqui, com certeza".
O historiador escreveu um livro de memórias sobre a sua experiência em ter sido vizinho de Hitler chamado "I Was Hitler's Neighbor" (Eu Fui Vizinho de Hitler, em uma tradução livre).
Veja a entrevista Christiane Amanpour, da CNN (em inglês):