Homem que se perdeu na floresta amazônica dá dicas de sobrevivência
Após ficar nove dias perdido sozinho na floresta amazônica, Francisco Naefe adquiriu uma grande experiência de sobrevivência. Em entrevista à The Nature Conservancy (TNC), maior organização de conservação ambiental do mundo, ele deu uma série de dicas sobre o que fazer em uma situação como essa.
O primeiro conselho é: nunca entre sozinho na floresta. “Quando eu estava perdido, eu vi que a gente sente falta do ser humano nos piores momentos”, diz Naefe. Segundo ele, a solidão pode levar até mesmo a alucinações. Ter fogo também é essencial para a sobrevivência. “O fogo ajuda a assar os bichos, espantar os predadores. Por isso, é muito importante levar dois isqueiros”, recomenda.
Conheça o trabalho da TNC junto a comunidades indígenas
Como Naefe trabalhou na Funai, ele conviveu muito tempo com povos indígenas. Os ensinamentos deles foram essenciais para que ele sobrevivesse sozinho na floresta. Com os índios, ele aprendeu a importância do mel. “Os indígenas guajajara do Maranhão comem muito e são muito fortes”, conta. Para colher o mel, é importante saber se a abelha tem ferrão ou não. “Se não tiver, você pode fazer uma fogueira por perto, porque a fumaça deixa a abelha zonza, aí você pode ir tirar o mel”, explica.
Uma ferramenta muito importante para levar para a floresta é o facão, que ajuda a extrair pedaços de árvores. É importante também levar um anzol e uma linha de pesca grossa. De acordo com Naefe, com pequenos peixinhos já dá para sobreviver. Ele ainda recomenda que se coma castanhas do Pará e de sapucaia.
Não esqueça da água
A ingestão de água é outro ponto importante. Se você ficar sem o líquido, o jeito é tentar encontrá-lo. “Existe um cipó de fogo que armazena água. A raiz da embaúba também tem água. Tem que cortar do jeito certo”, revela Naefe. Segundo ele, a raiz da taperebá (cajá) é fonte de água para os indígenas isolados guajajaras do Maranhão. “Eu me alimentei pouco. A gente não aguenta três dias sem água, mas dá para passar dez dias sem comer”, diz.
Outra dica é ingerir pouco sal por vez. “Ele dá sede. Tem que ingerir na medida certa, nem muito nem pouco”, conta. Quanto à alimentação, ele cita mais um aprendizado inusitado vindo dos índios: ingerir larvas. “Os parakanãs derrubam muito um pequeno mamãozinho. Indo lá duas semanas depois, para arrancar as casca e aquilo está cheio de larva. Tirando a cabeça, fica só a proteína, é bem nutritivo. Os ianomâmis não deixam uma. Os mais velhos se alimentam muito de larva”, conta.
Aprenda a se orientar
Para não andar em círculos, é bom saber se orientar. Naefe se orientava pelas sombras para ter uma noção de horário. “Na mata, os indígenas se orientam através do sol. Você faz um risco no chão com um facão e enfia um pauzinho ali. De manhã, a sombra vai diminuindo, à noite, vai aumentando. De onde vem a sombra? Da nascente. Assim, eles também podem se orientar sobre onde é a nascente e onde é o poente”, explica ele.
Para conseguir sair da floresta e encontrar algum local habitado é preciso atenção. Naefe observava os pequenos riachinhos, para chegar a maiores igarapés, pois normalmente lá há algum ser humano. Por último, ele recomenda dormir bem. É importante estar descansado para encarar a floresta.
Assim como o Naefe, mesmo quem vive na cidade depende das florestas para sobreviver. Elas impedem que a temperatura da Terra suba demais e garantem a existência dos rios que alimentam as represas. A The Nature Conservancy (TNC) tem trabalhado para restaurar florestas em pontos estratégicos para o abastecimentos das metrópoles brasileiras. Saiba mais:
Quer aprender mais algumas dicas de sobrevivência? Assista ao vídeo abaixo e aprenda com os profissionais de SOZINHOS:
Crédito da foto: Divulgação/The Nature Conservancy