A incrível e trágica história da primeira viagem de volta ao mundo da história
No dia 20 de setembro de 1519, uma frota de cinco navios e cerca de 260 tripulantes partiu do porto espanhol de Sanlúcar de Barrameda sob o comando do navegador português Fernão de Magalhães. Apesar de sua origem portuguesa, ele liderava uma missão financiada pela Espanha, com um objetivo ambicioso: encontrar uma rota marítima para as Ilhas Molucas, fontes valiosas de especiarias como noz-moscada e cravo, contornando a América pelo oeste. Esta se tornaria a primeira viagem em volta da Terra na história da humanidade.
Estreito de Magalhães
A ideia de Magalhães não era apenas ousada, mas também arriscada. Ele precisava atravessar águas desconhecidas e descobrir uma passagem entre os oceanos Atlântico e Pacífico, algo que nunca havia sido feito antes. Determinado, Magalhães acreditava estar cumprindo uma missão divina e que o sucesso era inevitável. No entanto, sua jornada foi marcada por desafios extremos que incluíram traições, tempestades, e a perda de barcos e tripulantes.
Os problemas começaram logo após a travessia do Atlântico. Durante a estadia na costa brasileira e na busca pela lendária passagem, Magalhães enfrentou motins e conflitos internos. Um dos capitães, Juan de Cartagena, tentou liderar uma rebelião contra ele. A repressão foi implacável: os conspiradores foram punidos com execuções ou abandono em ilhas desertas, reafirmando a autoridade de Magalhães sobre a frota.
Em novembro de 1520, a expedição finalmente encontrou a passagem entre os oceanos, hoje conhecida como Estreito de Magalhães. Apesar do sucesso, o restante da viagem pelo Pacífico revelou-se ainda mais extenuante. Com alimentos e água escassos, a tripulação enfrentou fome e sede durante meses, atravessando um oceano muito maior do que haviam imaginado. Essa travessia reforçou a fama de Magalhães como um navegador habilidoso, mas também revelou os limites de sua preparação.
Ao chegar às Filipinas em 1521, Magalhães tentou converter os povos locais ao cristianismo, mas encontrou resistência. No confronto com o chefe Lapu-Lapu, na ilha de Mactan, Magalhães subestimou a força dos guerreiros indígenas e acabou morto em combate. Sua perda foi um golpe devastador para a expedição, que seguiu com apenas um navio, o Victoria, completando a primeira viagem de circum-navegação do mundo em setembro de 1522, com apenas 18 sobreviventes.
Apesar do fim trágico, a jornada de Magalhães transformou o entendimento humano sobre o planeta. A viagem confirmou a esfericidade da Terra, demonstrou a vastidão do oceano Pacífico e abriu caminhos para novas explorações. A expedição pioneira do navegador português é lembrada como um grande marco na história da humanidade.