Jack Daniel's revela um ingrediente secreto: a ajuda de um escravo
O famoso uísque Jack Daniel's decidiu passar sua história a limpo e vai reescrever suas origens.
A marca, criada em 1875, no Tennessee (EUA), sempre explorou suas raízes na descendência branca de Daniel: filho de colonos galeses, escoceses e irlandeses. Porém, recentemente, a Jack Daniel's revelou que o famoso uísque jamais teria existido não fosse pelos conhecimentos de um escravo negro chamado Nearis Green.
Até então, a versão oficial da criação do destilado norte-americano era de que o adolescente Jack Daniel aprendeu o processo da bebida com Dan Call, um pastor de Lynchburg. No entanto, o verdadeiro mestre teria sido Green, que era um dos escravos de Call.
De lenda para realidade
Essa versão de que um escravo havia ajudado na invenção do uísque já existia, mas era tratada como lenda. Na época da escravidão nos EUA, os estados sulistas usavam a mão de obra dos escravos negros nas destilarias. Eles eram conhecidos por seu domínio das técnicas de fabricação do uísque e também pelo aperfeiçoamento das receitas. Contudo, como a história mostra, nem sempre os créditos do sucesso foram atribuídos a eles.
Em 1865, chegou ao fim a escravidão nos EUA, Green foi liberto, mas continuou a trabalhar com Call. Daniel teria começado a trabalhar em seu uísque em 1866 e empregou os dois filhos de Green. A abertura oficial da destilaria, com Call como sócio, aconteceu em 1875.
Marketing
Alguns também vêem o movimento como uma tática de marketing da Jack Daniel's, de acordo com reportagem produzida pelo jornal The New York Times, no último mês. "Quando você olha para a história de Jack Daniel, ela ficou mais brilhante ao longo dos anos", disse Peter Krass, autor do livro "Blood and Whiskey: The Life and Times of Jack Daniel." "Na década de 1980, eles visavam os yuppies. Eu podia vê-los no próximo nível, para a geração do milênio (millennials), que busca por questões de justiça social", disse ao jornal.
A Jack Daniel's diz que simplesmente quer esclarecer os fatos. A história de Green é conhecida por historiadores e moradores ao longo de décadas, mesmo assim destilaria insistia em ignorar o seu passado por todos esses anos, afirmou o The New York Times.
Fonte: Exame.com , The New York Times
Imagem: Divulgação