As minas do rei Salomão transformaram vale de Israel em deserto, diz estudo
Desastres ambientais causados pela humanidade começaram muito antes da Revolução Industrial. A exploração intensiva de madeira para alimentar fornos de fundição de cobre das minas do Rei Salomão (990 a.C. - 931 a.C.), no Vale de Timna, em Israel, pode ter gerado um colapso ambiental que desencadeou a desertificação da região. Essa é a conclusão de um estudo feito por pesquisadores da Universidade de Tel Aviv.
Queima de carvão
A pesquisa, publicada na revista científica Scientific Reports, detalha que os mineiros do Vale do Timna extraíam o cobre por meio de processos de fundição, uma técnica muito avançada para a época, entre os séculos XI e IX a.C. Aquecer fornos de barro a temperaturas acima de 1.200° C por cerca de 8 horas permitia separar o metal de outros elementos com grande facilidade. O combustível utilizado para produzir o fogo era carvão extraído de árvores da região.
Ao analisar as diferentes amostras de carvão do século XI a.C., os pesquisadores descobriram que três quartos do material eram derivados de galhos e raízes de piorno-branco (Retama monosperma), além de espinhos de acácia, todas espécies nativas. No entanto, ao analisar amostras de carvão posteriores, os cientistas descobriram vestígios de madeira de espécies exóticas, não típicas da região.
Segundo os cientistas, essas evidências sugerem que, devido à enorme quantidade de madeira necessária para a extração do cobre, a indústria superexplorou os recursos naturais do Vale do Timna. Como consequência, foi necessário recorrer à importação de madeira de terras distantes, embora com o tempo a falta de insumos tenha colocado fim à mineração na região.
Wood cut to fuel King Solomon’s ancient mines caused environmental collapse – study https://t.co/J0GhultNap
— The Times of Israel (@TimesofIsrael) September 23, 2022
"Nossas descobertas indicam que a antiga indústria do cobre em Timna não foi gerida de forma sustentável e que a superexploração da vegetação local acabou levando ao desaparecimento das plantas e da indústria. A produção de cobre só foi retomada nesta região mil anos depois e o ambiente local não se recuperou totalmente até hoje", disseram os cientistas.