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As mulheres atiradoras de elite da URSS especializadas em alvejar nazistas

Lyudmila Pavlichenko, a “Senhora Morte”, foi a mais célebre delas, tendo matado 309 soldados inimigos
Por History Channel Brasil em 21 de Setembro de 2022 às 12:16 HS
As mulheres atiradoras de elite da URSS especializadas em alvejar nazistas-0

A invasão da Alemanha à URSS durante a Segunda Guerra Mundial causou uma mobilização inédita entre as mulheres soviéticas. Centenas de milhares delas se alistaram ao exército para defenderem o país, exercendo as mais diversas funções, incluindo servir na linha de frente do conflito. Mais de duas mil delas foram treinadas como atiradoras de elite e enviadas para alguns dos campos de batalha mais perigosos da Europa com a missão de alvejar nazistas.

Caçadoras de nazistas

Algumas dessas atiradoras se tornaram lendárias. Entre elas, estava a ex-professora de jardim de infância Tatyana Baramzina. Ela matou 16 nazistas na Frente Bielorrussa antes de saltar de paraquedas atrás das linhas inimigas, onde matou outros 20 antes de ser capturada e executada. Ou Roza Shanina, que se alistou como sniper após seu irmão ter sido morto pelas forças do Terceiro Reich. Ela matou 59 soldados inimigos, mas morreu no campo de batalha em 1945.

Roza Shanina
Roza Shanina (Imagem: Domínio Público, via Wikimedia Commons

Mas a atiradora mais famosa delas foi a ucraniana Lyudmila Pavlichenko, que ganhou o apelido de "Senhora Morte". Ao todo, ela matou 309 soldados nazistas durante a guerra.

Quando Hitler lançou a Operação Barbarossa em junho de 1941, Pavlichenko, de 24 anos, correu para se alistar em Odessa, na Ucrânia. O oficial de recrutamento tentou persuadi-la a seguir uma carreira diferente, sugerindo que ela se tornasse enfermeira. Ele logo recuou depois que ela revelou seus certificados e credenciais como atiradora (Pavlichenko praticava tiro desde muito jovem).

Com a escassez de armas e suprimentos, inicialmente Pavlichenko não tinha nenhum rifle à sua disposição, apenas uma granada. Sua primeira arma de fogo foi "herdada" de um colega ferido que teve que abandonar o conflito. Após matar dois soldados romenos, ela começou a conquistar o respeito do Exército Vermelho.

Lyudmila Pavlichenko
Lyudmila Pavlichenko (Imagem: Domínio Público, via Wikimedia Commons)

Nos meses seguintes, Pavlichenko aperfeiçoou sua arte, se tornando uma máquina de matar. Saindo do acampamento nas primeiras horas da manhã e retornando apenas à noite, ela se dirigia para posições avançadas próximas ao inimigo e ficava imóvel esperando uma oportunidade para atirar. “Você precisa de muito autocontrole, força de vontade e resistência para ficar quinze horas seguidas sem se mexer”, ela escreveu mais tarde. "O menor movimento pode significar a morte", afirmou.

Pavlichenko não sentia remorso por suas mortes. "O único sentimento que tenho é a grande satisfação que um caçador sente quando mata um animal de rapina", disse. Mas ela também sofreu traumas. O soldado com quem ela tinha um relacionamento morreu em seus braços durante uma batalha, fato que ela nunca superou.

Atiradoras de elite da URSS
Atiradoras de elite da URSS partindo para a guerra (RIA Novosti/Domínio Público, via Wikimedia Commons)

Pavlichenko teve que se aposentar dos campos de batalha após ter sido atingida por estilhaços no rosto durante um conflito em 1942. A partir daí, ela foi enviada em uma excursão para os Estados Unidos, Canadá e Reino Unido para contar suas experiências e angariar apoio aos esforços de guerra. Durante a viagem, ela encontrou o presidente Franklin D. Roosevelt na Casa Branca, se tornando a primeira cidadã soviética a ser recebida por um governante do país norte-americano.

De volta para casa, Pavlichenko foi tratada como heroína e passou a treinar soldados soviéticos. Após a guerra, ela terminou sua educação na Universidade de Kiev e tornou-se historiadora. Aos 58 anos, ela morreu devido a um AVC, depois de sofrer durante anos com transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), depressão e alcoolismo.

Fontes
History.co.uk e Mashable
Imagens
Domínio Público, via Wikimedia Commons