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Nise da Silveira, a médica que revolucionou a psiquiatria no Brasil

Pioneira em seu campo de atuação, ela foi a única mulher a se graduar em uma turma de 157 homens na Universidade de Medicina da Bahia
Por History Channel Brasil em 09 de Novembro de 2022 às 10:40 HS
Nise da Silveira, a médica que revolucionou a psiquiatria no Brasil-0

A médica psiquiatra Nise da Silveira revolucionou seu campo de trabalho no Brasil. Discípula de Carl Jung, de quem foi aluna, ela dedicou sua vida ao trabalho com doentes mentais, manifestando-se radicalmente contra tratamentos que julgava agressivos em sua época, como o confinamento em hospitais psiquiátricos, eletrochoque e lobotomia. Ela também se destacou por ser uma das primeiras mulheres a atuar nessa área no Brasil.

Única mulher da turma

Nascida em Maceió (Alagoas) em 1905, filha do professor de matemática Faustino Magalhães da Silveira e da pianista Maria Lídia da Silveira, Nise era bastante estudiosa. Em 1921, com apenas 16 anos, ingressou na Faculdade de Medicina da Bahia. Em 1926, ela foi a única mulher a se graduar em uma turma composta por 157 homens. 

Nise da Silveira e seus colegas de faculdade
Única mulher da turma (Imagem: Ministério da Saúde/Reprodução)

Em 1933, Nise foi aprovada em um concurso público, e começou a trabalhar no Serviço de Assistência a Psicopatas e Profilaxia Mental do Hospital da Praia Vermelha, no Rio de Janeiro, para onde havia se mudado. Durante a Intentona Comunista, Nise foi denunciada por uma enfermeira pela posse de livros marxistas. A denúncia levou a sua prisão em 1936 no presídio Frei Caneca por 18 meses. 

A partir da década de 1940, Nise começou um trabalho pioneiro no tratamento da esquizofrenia. Reintegrada ao serviço público, em 1944 ela iniciou seu trabalho no Centro Psiquiátrico Nacional Pedro II, no Engenho de Dentro, onde retomou sua luta contra as técnicas psiquiátricas que considerava agressivas aos pacientes. Por sua discordância com os métodos adotados nas enfermarias, ela foi transferida para o trabalho com terapia ocupacional, atividade então menosprezada pelos médicos. 

Nise da Silveira
Imagem: Arquivo Nacional, via Wikimedia Commons

Em 1946, Nise fundou na instituição onde trabalhava a "Seção de Terapêutica Ocupacional". No lugar das tradicionais tarefas de limpeza e manutenção que os pacientes exerciam sob essa especialidade, ela criou ateliês de pintura e modelagem. Sua intenção era possibilitar aos doentes reatar seus vínculos com a realidade por meio da criatividade, revolucionando a psiquiatria praticada no país até então.

Como consequência dos métodos que desenvolveu, Nise fundou em 1952 o Museu de Imagens do Inconsciente, um centro de estudo e pesquisa destinado à preservação dos trabalhos produzidos nos estúdios de modelagem e pintura que criou na instituição. Ela valorizava as obras de arte criadas pelos pacientes como documentos que abriam novas possibilidades para uma compreensão mais profunda do universo interior do esquizofrênico.

NIse ainda foi pioneira ao enxergar o valor terapêutico da interação de pacientes com animais. A médica morreu de pneumonia em 1999, aos 94 anos, no Rio de Janeiro. Um dos maiores símbolos da luta antimanicomial, Nise entrou para a história por seu papel fundamental na mudança de rumos dos tratamentos psiquiátricos no Brasil. 

Fontes
BBC e Agência Senado
Imagens
Agência Senado/Arquivo Nise da Silveira/Reprodução