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Nova técnica de datação revoluciona o que se sabe sobre a evolução humana

Usando urânio para analisar um fóssil, descobriu-se que os Homo sapiens estavam na Europa 150 mil anos antes do que se acreditava
Por History Channel Brasil em 25 de Dezembro de 2023 às 15:58 HS
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Ao abordar de uma nova forma a técnica de datação com o uso de urânio, pesquisadores reanalisaram um fóssil previamente conhecido e descobriram que se tratava do mais antigo exemplar de um Homo Sapiens encontrado na Europa. Segundo os cientistas, a nossa espécie já estava no continente 150 mil anos antes do que se acreditava. A técnica inovadora tem potencial para revolucionar o que se sabe sobre a evolução humana.

Datação direta por série de urânio

Os métodos tradicionais de datação baseiam-se na decomposição de elementos radioativos, especialmente na datação por radiocarbono, que só é eficaz em fósseis com menos de 50 mil anos. Apesar de útil, a técnica pode ser imprecisa: há diversos casos de fósseis datados de forma incorreta. Ao invés de usar esse método, Rainer Grün e Chris Stringer, autores do novo estudo, utilizaram a datação direta por série de urânio, que mede a proporção de isótopos desse elemento em fósseis e pode datar espécimes com centenas de milhares de anos.

"Anteriormente, talvez fosse necessário cortar um fóssil ao meio e rastrear o urânio através de todo o osso, mas isso não era viável em fósseis valiosos como os que estávamos reanalisando. Em vez disso, Rainer ajudou a miniaturizar o processo, para que pequenas amostras pudessem ser coletadas usando lasers para minimizar danos a áreas importantes da amostra”, disse Stringer, pesquisador do Museu de História Natural de Londres, referindo-se ao seu colega, professor da Universidade Nacional Australiana em Camberra.

A técnica inovadora foi usada para analisar dois crânios parciais encontrados na caverna Apidima, na Grécia. Anatomicamente, os fósseis pareciam pertencer a duas espécies diferentes: um Homo neanderthalensis e um Homo sapiens. O espécime do Homo sapiens foi datado por urânio como 40 mil anos mais velho que os restos do neandertal, o que alguns cientistas acharam difícil de aceitar, pois cronologicamente os neandertais estavam aparentemente presentes na Europa muito antes do que os humanos modernos.

Grün e Stringer demonstraram com a nova técnica que os espécimes de sapiens e neandertal foram originalmente depositados em diferentes ambientes geológicos e posteriormente redepositados juntos. Portanto, o fóssil do Homo sapiens estava de fato presente na Europa há pelo menos 210 mil anos, mais de 150 mil anos antes da época na qual acreditava-se que os humanos haviam migrado pela primeira vez para a Europa, fazendo dele o fóssil mais antigo da espécie encontrado no continente até agora.

Fontes
Museu de História Natural de Londres
Imagens
iStock