O conselho que Albert Einstein deu a Marie Curie quando ela foi atacada pela imprensa
A cientista Marie Curie entrou para a história não somente como a primeira mulher a ser agraciada com um Prêmio Nobel, mas também como a primeira pessoa a ganhá-lo duas vezes. Em 1903, recebeu o prêmio de Física, e, em 1911, o de Química. Mas seu sucesso profissional não impediu que fosse atacada publicamente devido a aspectos de sua vida pessoal. Nesse período difícil, ela recebeu a solidariedade de um colega famoso: Albert Einstein.
Relacionamento escandaloso
Ao lado do marido, Pierre, Marie Curie foi pioneira no estudo da radioatividade, tendo descoberto dois novos elementos da tabela periódica: o polônio e o rádio. Após ter ficado viúva, Marie se envolveu com o físico Paul Langevin, ex-pupilo de Pierre. O relacionamento causou escândalo na época, pois Langevin era casado.
Revoltada com o romance, a esposa de Langevin vazou para a imprensa cartas de amor trocadas entre seu marido e Marie Curie. Foi quando os jornais da França retrataram a cientista como uma sedutora que tinha enfeitiçado um homem de família e o afastado de sua esposa e filhos. Tudo isso estourou enquanto Curie e Langevin estavam participando de uma conferência internacional com outros cientistas de renome na Bélgica, em 1911.
Quando voltou para a França, Marie Curie encontrou uma multidão enfurecida em frente a sua casa, assustando suas duas filhas, de 7 e 14 anos. Albert Einstein, que havia acabado de conhecer a cientista na conferência belga, ficou indignado com a situação. Foi quando ele resolveu mandar uma carta solidarizando-se com a colega e aconselhando-a a ignorar as críticas. Confira abaixo:
"Caríssima Sra. Curie,
Não ria de mim por escrever para a senhora sem ter nada sensato a dizer. Mas estou tão enfurecido com a maneira vil com que o público está se atrevendo a se preocupar com a senhora que eu absolutamente devo dar vazão a esse sentimento. No entanto, estou convencido de que a senhora despreza consistentemente essa ralé, estando ela obsequiosamente esbanjando respeito pela senhora ou tentando saciar seu desejo por sensacionalismo!
Sinto-me impelido a dizer-lhe o quanto passei a admirar o seu intelecto, a sua determinação e a sua honestidade, e que me considero sortudo por tê-la conhecido pessoalmente em Bruxelas. Quem não está entre esses répteis certamente está feliz, agora como antes, por termos entre nós personagens como a senhora, e Langevin também, pessoas reais com as quais nos sentimos privilegiados por manter contato. Se a ralé continuar a se ocupar com a senhora, simplesmente não leia essas besteiras, mas deixe-as para os répteis para quem foram fabricadas.
Com os mais amigáveis cumprimentos a vocês (...) muito sinceramente,
A. Einstein
Eventualmente, o romance entre o casal de cientistas terminou e Langevin se reconciliou com a esposa. Anos depois, a vida de Marie Curie chegou ao fim devido às consequências de suas pesquisas pioneiras. Em 1934, ela morreu de anemia aplástica, uma doença decorrente da manipulação de material radioativo sem o uso de equipamentos apropriados.