O que o pé-de-moleque tem a ver com os filhos de escravizados?
Pé-de-moleque, calçamento e doce
Calçamento comum no Brasil colônia e em boa parte do Império, o calçamento pé-de-moleque era feito pelas pessoas escravizadas, que colocavam pedra por pedra.
Algumas vezes cortando a pedra, vale lembrar. Algumas vezes colocando inteira mesmo.
Os filhos de pessoas escravizadas, chamados de moleques, iam jogando areia e, com os pés, ajustando as pedras. Pedras pé-de-moleque.
Esse calçamento facilitava o transporte. Em diferentes situações, as pedras eram trazidas em carroças, de beira de rios e de pedreiras.
Em diversos lugares do Brasil há exemplos desse calçamento. Paraty, cidade na região verde do Rio de Janeiro, é conhecida por causa dele.
E o doce pé-de-moleque, tão comum em festas juninas, o que tem a ver com isso?
Tem uma versão histórica que vai defender que o doce surgiu por inspiração nesse calçamento. Realmente parece.
Outra vertente histórica vai defender que o doce nasceu da briga de quituteiras com jovens ladrões. Cansadas de terem seus doces roubados, elas mandavam logo: “pede, moleque!”. Acabou virando pé-de-moleque.
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THIAGO GOMIDE é historiador e jornalista. Pós-graduado em História do Brasil e Mestre em História, Bens Culturais e Política pela FGV. Foi apresentador e editor do Canal Futura e diretor da MultiRio, ambos dedicados à educação. Além de ser o responsável pelo conteúdo do Tá na História, atualmente assina a coluna "Coisas do Rio", no jornal O Dia, e é presidente da rádio Roquette-Pinto.
A proposta do Tá na História é oferecer conteúdos que promovam conhecimento sobre personagens e fatos históricos, principalmente do Brasil. Tudo isso, claro, com bom humor e muita curiosidade.
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