O Trilo do Diabo: uma obra-prima demoníaca da música
Giuseppe Tartini (1692 - 1770) foi um violinista virtuoso, compositor e teórico da música italiana do período Barroco. Sua obra mais conhecida é uma sonata chamada “O Trilo do Diabo”, mundialmente famosa por sua exigência excessiva, capaz de colocar em apuros até os violinistas mais avançados. Com uma duração aproximada de 15 minutos, sua dificuldade é tanta que, por muito tempo, houve boatos de que Tartini tinha 6 dedos na mão esquerda.
A lenda por trás dessa sonata, narrada pelo próprio Tartini em uma carta a um amigo, o astrônomo francês Jérôme Lalande, conta como, durante um sono, o diabo apareceu para o músico, oferecendo-se como seu servo em troca de sua alma. Antes de aceitar, Tartini o desafiou a tocar uma melodia romântica no seu violino para testar suas habilidades. Os sons que saíram do seu instrumento foram tão impressionantes que Tartini perdeu o fôlego, o que, segundo seu relato, o fez despertar.
Nas palavras do músico, tratou-se de “uma sonata tão bonita e maravilhosa, tocada com tanta arte e inteligência, como ele jamais havia concebido, nem sequer nos seus voos de fantasia mais ousados”. Ao acordar, Tartini pegou imediatamente seu violino, tentando memorizar a melodia. No entanto, posteriormente, ele escreveria a Lalande que, embora essa obra fosse a melhor coisa que ele já havia composto na sua vida, era medíocre em comparação ao que tinha presenciado durante o sono.
Alguns especialistas no assunto acreditam que a obra de Tartini tem como objetivo contar a história de Lúcifer: um início onde tudo é calma e harmonia, quando Lúcifer era um anjo; seguido de um interlúdio lúgubre, que representa os sentimentos de inveja e sua expulsão para a Terra; culminando em um final barulhento, que expressa o ódio e a dor que caracterizam o inferno.
A verdade é que nunca se saberá ao certo se o que Tartini relata na sua carta realmente aconteceu. Sobre o que não restam dúvidas é que “O Trilo do Diabo” é uma verdadeira obra-prima.
Fonte: The Vintage News
Imagem: "Tartini's Dream", de Louis-Léopold Boilly (1761-1845)/Bibliothèque nationale de France, via Wikimedia Commons