Pão mofado pode estar por trás do caso histórico das Bruxas de Salém
No final do século XVII, a cidade de Salém, nos Estados Unidos, ficou marcada por ter sido palco de julgamentos de mulheres acusadas de bruxaria. Muitas delas apresentavam sintomas como convulsões, febres e alucinações, interpretados como sinais de possessão demoníaca. Mas uma teoria aponta que esses comportamentos poderiam estar relacionados ao consumo de pão mofado.
Fungo alucinógeno
O Claviceps purpurea, comumente conhecido como esporão-do-centeio, é um fungo parasita que ataca o cereal usado para fazer pão. Esse fungo adora clima frio e úmido e pode passar despercebido no alimento, pois se parece com manchas pretas de grãos. Seu consumo pode causar uma condição chamada de ergotismo convulsivo, doença caracterizada por convulsões violentas e que também pode provocar mania, psicose e alucinações.
Os efeitos do ergotismo no corpo humano se deve aos seus principais agentes quimicamente ativos, como o ácido lisérgico, fundamental na criação do LSD. Segundo um estudo publicado em 1976 pela pesquisadora Linnda R Caporael na revista Science, a série de acusações e julgamentos coincidiu com um clima propício ao crescimento de fungos. No ano seguinte, houve uma seca e os casos de feitiçaria diminuíram repentinamente.
Vinte pessoas de Salém e cidades vizinhas foram mortas e centenas de outras acusadas de bruxaria durante uma onda de perseguição puritana que começou em 1692. A histeria teve diversas motivações, como superstições, medo de doenças, aversão a forasteiros e inveja entre vizinhos. Nas últimas décadas, dezenas de pessoas condenadas nos julgamentos de Salém foram perdoadas nos Estados Unidos.