Pilar Katskhi: A misteriosa igreja isolada que ninguém sabe como foi construída
Em uma região remota da Geórgia, conhecida como Imereti, se ergue o Pilar Katskhi, um monólito de calcário de 40 metros de altura, no qual repousa uma pequena igreja de origem enigmática. Com uma vista espetacular, o local é considerado um dos pontos mais isolados e misteriosos do mundo. Embora a história da construção do templo no topo do pilar remonte a mais de mil anos, os detalhes sobre como ele foi erguido e quem a construiu permanecem desconhecidos.
Tradição monástica
O Pilar Katskhi foi mencionado pela primeira vez no século XVIII, na obra do geógrafo e príncipe Vakhushti, que descreveu o local como “uma rocha dentro do desfiladeiro que se eleva como um pilar, significativamente alta. Há uma pequena igreja no topo da rocha, mas ninguém consegue subir, nem sabe como fazê-lo”. Este registro é apenas uma das muitas referências ao pilar, que desde os tempos antigos tem sido visto como um local sagrado, associado tanto a cultos pré-cristãos quanto ao cristianismo.
Pesquisas históricas e arqueológicas revelaram que a igreja no topo do pilar foi construída entre os séculos VI e X, período em que a prática dos "monges do pilar" ou estilitas era comum. Esses monges acreditavam que viver no topo de pilares afastava as tentações do mundo e os aproximava de Deus. Embora a construção da igreja e as razões para sua localização permaneçam um mistério, estudos indicam que a região foi habitada por eremitas até o século XV.
A redescoberta do Pilar Katskhi aconteceu em 1944, quando uma expedição liderada pelo alpinista Alexander Japaridze escalou o monólito e encontrou ruínas de igrejas, celas de eremitas e uma adega. Durante a expedição, os pesquisadores também descobriram sinais de que o pilar era um centro de práticas ascéticas, embora posteriormente estudos tenham sugerido que o local também tinha uma função monástica mais ampla, incluindo a produção de vinho.
Nos anos 1990, um monge chamado Maxime Qavtaradze pediu permissão para restaurar a igreja e viver no topo do pilar, pedido que foi prontamente atendido. Com a ajuda de moradores locais e da Agência Nacional de Preservação do Patrimônio Cultural da Geórgia, Maxime restaurou o templo, e uma escada de ferro foi instalada para facilitar o acesso, permitindo que os monges realizassem a perigosa subida. Maxime viveu sozinho no topo por mais de 20 anos, em total isolamento, buscando uma conexão espiritual profunda. No entanto, com o aumento do turismo no local, ele desceu permanentemente após perceber que a serenidade do lugar havia sido alterada pelo fluxo de visitantes.
Atualmente, a igreja do Pilar Katskhi continua sendo um local sagrado e um símbolo de fé para muitos fiéis ortodoxos. O monastério localizado no sopé do pilar mantém a tradição monástica, mas a subida ao topo da rocha é restrita apenas a monges. O Patriarca Ilia II da Igreja Ortodoxa Georgiana proibiu turistas e visitantes de subir, e a única permissão para escalar o pilar é concedida aos monges para realizar rituais e manter o local em bom estado. Embora a escalada seja restrita, os turistas ainda podem visitar a base do pilar, onde se encontram uma capela dedicada a São Máximo, o Confessor, e outros artefatos religiosos.