Quem foi Chico Pé de Pato, "o maior justiceiro do Brasil"
Suspeito de matar ao menos 50 pessoas na Zona Leste da cidade de São Paulo na década de 1980, Francisco Vital da Silva, o Chico Pé de Pato, era considerado "o maior justiceiro do Brasil". Com fama de matador de bandidos, ele se transformou em um dos fora-da-lei mais populares da época. A vida dele no crime começou depois que a própria família foi vítima de violência.
A origem de Chico Pé de Pato
Nascido na Bahia, Chico se mudou para São Paulo no início da década de 1970. Ele trabalhou como pedreiro até abrir um bar na Zona Leste da cidade, em 1982. Frequentado por uma clientela perigosa, o estabelecimento era alvo constante de assaltos.
Em 1984, enquanto Chico estava em uma delegacia registrando um boletim de ocorrência após ser vítima de novo assalto, criminosos invadiram sua casa e estupraram sua esposa e filha adolescente. Depois da violência, ele levou a família de volta para a Bahia, mas acabou retornando para São Paulo. Pouco tempo depois, ele começou andar armado, "caçando" bandidos na Zona Leste.
As ações de Chico contra criminosos logo chamaram a atenção do jornal Notícias Populares, que passou a acompanhar sua história. A primeira reportagem "estrelada" pelo justiceiro, em agosto de 1985, relatava que ele havia matado uma dupla de irmãos. O apelido "Chico Pé de Pato" veio de uma característica física: seus pés tortos.
Por agir contra criminosos, Chico acabou caindo nas graças da população. Rumores dizem que a própria polícia entregava nomes de criminosos ao justiceiro para facilitar seu "serviço". Mas a sorte de Chico Pé de Pato mudou quando ele matou um policial militar à paisana durante uma briga em um bar. Depois disso, ele é que passou a ser caçado pelos policiais.
Após ficar foragido por 48 horas, Chico Pé de Pato entrou em contato com o popular radialista Afanásio Jazadji, de quem havia virado fonte. Com medo de morrer, o justiceiro pediu que o comunicador intermediasse sua rendição para a polícia. No dia de sua prisão, anunciada no rádio, mais de 500 pessoas estavam reunidas para recebê-lo e apoiá-lo.
Julgado, Chico foi condenado a seis anos de prisão. Inicialmente, ele ficou encarcerado em um pavilhão do Carandiru destinado a presos jurados de morte. Mais tarde, ele foi transferido para o presídio de Franco da Rocha, onde foi assassinado a golpes de estilete por outros detentos durante uma rebelião em 27 de janeiro de 1987.