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Revelado novo capítulo da herança neandertal nos humanos modernos

Estudos detalham período de interação genética entre as duas espécies que durou cerca de sete mil anos
Por History Channel Brasil em 16 de Dezembro de 2024 às 13:09 HS
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Uma análise inovadora de DNA de humanos modernos antigos trouxe à tona novas datas para o cruzamento entre neandertais e Homo sapiens. Novos estudos revelam que essas interações começaram há aproximadamente 50.500 anos e se estenderam por cerca de sete mil anos. Esses eventos, que deixaram traços genéticos em quase todos os eurasiáticos, têm implicações diretas para o estudo da migração humana e da saúde moderna.

"Desertos neandertais"

De acordo com os pesquisadores, genes neandertais compõem entre 1% e 2% do genoma de pessoas de origem não africana. "O timing é realmente importante porque tem implicações diretas para nossa compreensão da migração para fora da África, já que a maioria dos não africanos hoje herda de 1% a 2% da ancestralidade dos neandertais", explicou Priya Moorjani, professora assistente da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, e uma das autoras principais do estudo.

O estudo baseou-se na análise de 58 genomas antigos e de 275 genomas contemporâneos de diversas regiões do mundo. A pesquisa aponta que o cruzamento aconteceu, em média, há 47 mil anos, corroborando com evidências arqueológicas que indicam que humanos modernos e neandertais coexistiram por milhares de anos. "Mostramos que o período de mistura foi bastante complexo", disse Benjamin Peter, coautor do estudo, e pesquisador da Universidade de Rochester, nos EUA, e do Instituto Max Planck de Antropologia Evolutiva, na Alemanha.

Outro achado importante foi a identificação de regiões do genoma humano modernas que são totalmente desprovidas de genes neandertais, chamadas "desertos neandertais". Essas áreas, formadas rapidamente após os cruzamentos, sugerem que alguns genes dos neandertais eram prejudiciais aos humanos modernos. Por outro lado, genes neandertais relacionados à imunidade e à adaptação ao frio foram preservados e se mostraram vantajosos, como o gene que confere resistência ao coronavírus que causa a COVID-19.

Um dos trabalhos, conduzido em parceria com pesquisadores do Instituto Max Planck de Antropologia Evolutiva, foi publicado na revista Science. Uma pesquisa complementar, que analisa novas amostras de DNA, reforça as descobertas e foi publicada no periódico Nature. Ambos os estudos ressaltam como avanços na genômica podem ajudar a desvendar as complexas interações entre nossos ancestrais e os neandertais.

Fontes
Universidade da Califórnia em Berkeley
Imagens
istock