Técnica 3D revela antigas pinturas rupestres em uma caverna na Espanha
Arqueólogos descobriram um tesouro que ficou escondido durante milhares de anos nas paredes de uma caverna na Espanha. Mais de cem pinturas e gravuras rupestres feitas há cerca de 24 mil anos foram identificadas pelos pesquisadores no local, conhecido como Cueva Dones. A descoberta foi possível por meio da aplicação de uma técnica 3D chamada fotografia estereoscópica.
A caverna é bem conhecida pelos habitantes locais e frequentemente visitada por praticantes de trilhas e exploradores. Apesar disso, a existência de pinturas paleolíticas passou despercebida até que pesquisadores das universidades de Saragoça e Alicante, na Espanha, e da Universidade de Southampton, no Reino Unido, fizeram a incrível descoberta. Um estudo detalhando os achados foi publicado na revista científica Antiquity.
As fotografias estereoscópicas permitiram à equipe identificar dezenas de correlações entre imagens e irregularidades das paredes rochosas da caverna, que não são visíveis a olho nu. Ao incorporar características rochosas naturais nas representações, os antigos artistas mesclaram o ambiente com as obras de arte, criando uma interação harmoniosa entre elementos naturais e imagens feitas pelos humanos. A figura de um cavalo, por exemplo, aproveita características naturais da parede da caverna, com fissuras na rocha incorporadas aos contornos da cabeça e do peito.
“Quando vimos o primeiro auroque pintado [touro selvagem extinto], imediatamente reconhecemos que era importante. Embora a Espanha seja o país com o maior número de sítios de arte rupestre paleolítica, a maioria deles está concentrada no norte do país. O Leste da Península Ibérica é uma área onde poucos destes locais foram documentados até agora", afirmou Aitor Ruiz-Redondo, um dos autores do estudo.
Segundo os pesquisadores, o grande número de figuras e a variedade de técnicas envolvidas na sua criação fazem da gruta o mais importante sítio de arte rupestre paleolítica da costa oriental do Mediterrâneo da Península Ibérica. O estudo destaca que há pelo menos 19 representações de animais confirmadas, incluindo corças, cavalos, auroques e veados. A maioria das pinturas foi feita com argila.