Após mais de um século de mistério, túmulo do “Homem Elefante” é encontrado
No fim do século XIX, o britânico Joseph Merrick era popularmente conhecido como o “Homem Elefante” por conta de seu aspecto físico, resultado de múltiplas malformações. Ele morreu aos 27 anos, em 1890. Apesar de seu caso ter se tornado famoso, o local onde seus restos mortais foram enterrados nunca havia sido confirmado. Mas, em 2019, sua biógrafa, a pesquisadora Jo Vigor-Mungovin, disse ter encontrado a sua sepultura, após seguir pistas coletadas em documentos da época vitoriana.
Se a sepultura, descoberta em um cemitério londrino localizado junto à floresta de Epping, corresponder efetivamente a Merrick, chegaria ao fim um mistério que durou mais de cem anos. Até agora não se sabia o que havia acontecido com parte de seus restos mortais após a autópsia de seu corpo, quando o esqueleto foi separado do tecido mole. Na ocasião, seus ossos foram levados para serem estudados no Royal Hospital de Londres, onde permanecem até hoje. Mas teria havido algum enterro formal do que restou dele?
Em caso de resposta afirmativa, Vigor-Mungovin supôs que o tecido mole de Merrick provavelmente tivesse sido enterrado no mesmo cemitério onde haviam sido sepultadas as vítimas de Jack, o Estripador, já que elas morreram na mesma região que ele. Buscando nos arquivos do cemitério, ela encontrou os registros de seu enterro. Segundo as anotações, o sepultamento de Merrick aconteceu em 24 de abril de 1890, menos de duas semanas após sua morte. A partir dessas informações a pesquisadora chegou a uma sepultura sem identificação, mas que ela diz ter "99% de certeza" que pertence ao Homem Elefante.
Merrick estudou até os 13 anos, quando largou a escola para trabalhar. Devido à sua aparência e ao agravamento de seus problemas de mobilidade e dicção ele tinha dificuldades para encontrar emprego. Após a morte de sua mãe, ele passou a ser frequentemente espancado pelo pai. Para fugir das agressões, foi morar com um tio. Aos 17 anos, conheceu uma espécie de empresário do ramo do entretenimento e se ofereceu para trabalhar explorando suas deformidades. Depois de um tempo, se juntou a um "circo de aberrações", o que o levou a se apresentar em diversos países da Europa.
Após ser roubado e abandonado por seu segundo empresário na Bélgica, Merrick voltou para a Inglaterra. Lá, reencontrou o médico Frederick Treves, que havia tratado dele no passado. Assim ele foi admitido no Hospital de Londres. A fama dele era tanta que em 1887 ele foi visitado pela princesa Alexandra de Gales. Finalmente, as deformidades que desfiguraram seu rosto, torso e extremidades progrediram até o ponto de matá-lo por asfixia enquanto ele dormia.
A medicina moderna ainda não confirmou as causas da patologia, mas especula-se que ele sofria de um mal conhecido como Síndrome de Proteus, doença congênita que causa crescimento exagerado e patológico da pele com tumores subcutâneos. Existe uma campanha, iniciada pela neta de um empresário que durante um período expôs Merrick como um objeto, para que seu corpo seja enterrado na cidade de Leicester, onde nasceu.
Fonte: Independent
Imagem: Royal London Hospital Archives, via Wikimedia Commons