Desvendado mistério de mulher mumificada encontrada com uma cruz na Sibéria
O corpo mumificado de uma mulher que usava uma cruz de cobre no peito foi encontrado por arqueólogos na Sibéria. De acordo com especialistas, os restos mortais passaram por um processo de mumificação natural devido ao frio. No início, os arqueólogos achavam que o local onde ela havia sido enterrada se tratava de um cemitério de uma aldeia russa fundada no século XVII, mas análises posteriores revelaram uma história diferente.
A região siberiana da Iacútia (ou Sakha), perto do Ártico russo, é tão gelada que as temperaturas podem cair abaixo de -60 graus Celsius. Segundo os pesquisadores, tanto o corpo quanto parte das vestimentas da mulher estavam muito bem preservados. Além da cruz, ela usava roupas íntimas, meia-calça e botas confeccionadas com couro de potro.
A primeira hipótese dos especialistas especulava que o local onde o corpo foi encontrado se tratava do assentamento de Lensky Ostrog, a primeira colônia russa da região, estabelecida em 1632. Mas tanto pelas roupas usadas pela mulher quanto pela cruz que carregava no peito, os arqueólogos concluíram que ela pertencia à etnia iacute e havia sido sepultada na metade do século XIX.
As inscrições na cruz foram fundamentais para desvendar o mistério da origem do corpo. "Depois de limparmos a cruz, percebemos que ela não parecia tradicional", disse a arqueóloga Elena Solovyova, que encontrou a mulher mumificada. "Analisamos as inscrições e chegamos à conclusão de que ela havia sido feita por um mestre iacuto local porque havia alguns erros na escrita". As botas que ela usava também são tradicionais do povo iacute, que tem origem turcomana e se estabeleceu na região no século XIII. Antes de os russos introduzirem o cristianismo na Iacútia, a maioria da população praticava o tengriismo, antiga religião dos turcos e mongóis.
O estado de preservação do corpo resultou em um dilema ético para os arqueólogos. "Não fizemos a pesquisa morfológica completa [sobre] essa mulher, mesmo havendo um plano de retirar os crânios das pessoas enterradas no cemitério para descobrir se eram russos ou iacutes", disse Solovyova. "A mulher estava mumificada, não eram apenas ossos espalhados. Eu simplesmente não conseguiria separar a cabeça do corpo dela. Mas tenho certeza de que essa mulher era iacute", completou.
Fontes: Siberian Times e All That is Interesting
Imagens: Elena Solovyova/Centro de Pesquisa do Ártico da Academia de Ciências da República de Sakha/Reprodução