Insônia fatal: a família cujos membros morrem porque não conseguem dormir
Uma família italiana entrou para a história por possuir uma rara doença neurológica hereditária. O mal que acomete esse clã é chamado insônia fatal familiar (IFF). Nos últimos 150 anos, ao menos 30 parentes morreram devido à enfermidade.
O primeiro caso da família aconteceu em 1836, com um homem chamado Giacomo, que vivia perto de Veneza. Aos 45 anos, ele ficou doente de repente. O principal sintoma era a falta de sono. Sem dormir, ele desenvolveu demência e morreu em poucos meses.
Um dos filhos de Giacomo gerou seis descendentes. Ao longo de um século e meio, diversos membros da família morreram da estranha doença. Por receio do estigma, o clã tentou esconder do mundo essa enfermidade familiar hereditária (até hoje o nome da família permanece anônimo). Cada morte provocada pela falta de sono era atribuída a outras causas, como esgotamento mental ou esquizofrenia.
Em 1983, um descendente de Giacomo chamado Silvano foi ao Hospital de Bolonha quando apresentou os primeiros sinais da doença. Ele morreu poucos anos depois, mas doou seu cérebro para a ciência. Graças a seu gesto, os médicos puderam entender melhor a condição que acomete a família.
O jornalista D.T. Max publicou um livro chamado “The family that couldn’t sleep: a medical mistery” (“A família que não conseguia dormir: um mistério médico”, na tradução), no qual não somente relata a vida da família, como também aborda outros casos semelhantes. O livro explica a IFF e conta como ela é causada por príons, proteínas anômalas que causam doenças cerebrais degenerativas. A primeira estrutura a ser afetada pela IFF é o tálamo, que controla o sono e o senso de alerta, gerando desorientação e insônia.
A doença também causa aumento da pressão arterial, sudorese e aceleração na pulsação. O principal sintoma é mesmo a falta de sono: em determinado momento seus portadores simplesmente não conseguem dormir. Ao longo do tempo, as funções motoras dos pacientes também se deterioram. Por fim, eles caem em uma espécie de estado de coma e morrem.
Ao menos 25 descendentes de Giacomo possuem atualmente o gene da IFF. Além disso, sabe-se que existem cerca de 40 famílias com sintomas similares ao redor do mundo. Até hoje, não foi encontrada uma cura para a doença.
Fontes: piauí, CNN e Amusing Planet
Imagem: Shuttestock.com e Random House/Reprodução