O que é a misteriosa gosma negra encontrada em sarcófagos egípcios?
Inúmeros sarcófagos egípcios descobertos por arqueólogos estavam encobertos por uma misteriosa gosma negra. De acordo com os pesquisadores, a substância foi utilizada em rituais funerários entre a 19ª e a 22ª Dinastia, período que vai de 1300 a.C. até 750 a.C. Agora, pesquisadores podem ter descoberto o segredo por trás desse estranho material.
Existem muitos antigos textos egípcios que abordam os ritos espirituais envolvendo funerais, mas muito poucos tratam dos aspectos práticos. Isso porque o conhecimento sobre as práticas de mumificação e enterro era restrito a iniciados. Para desvendar o mistério da gosma negra, pesquisadores do Museu Britânico estudaram a substância em detalhes.
Os cientistas analisaram mais de 100 amostras de gosma negra retirada de 12 sarcófagos que datam da 22ª Dinastia. Para a pesquisa, foi utilizado um método chamado cromatografia gasosa - espectrometria de massa. Assim, descobriu-se que a gosma é feita de uma combinação de óleo vegetal, gordura animal, resina de árvore, cera de abelha e betume (petróleo bruto sólido).
Segundo os pesquisadores, os ingredientes exatos da gosma variam de um sarcófago para o outro, mas essas substâncias estão sempre presentes. Curiosamente, alguns desses ingredientes só são encontrados fora do Egito, o que significa que tiveram que ser importados. Também é possível que outros materiais fizessem parte da fórmula da gosma, mas não podem mais ser detectados pois eram voláteis ou se degradaram ao longo dos últimos três mil anos.
Mas qual era a função da gosma? Os pesquisadores não têm certeza, mas apresentam algumas hipóteses. Segundo eles, o bálsamo usado na mumificação era feito com os mesmos ingredientes que a gosma preta presente no lado externo dos sarcófagos. Quando alguém morria, acreditava-se que a pessoa tomava a forma do deus Osíris, associado à morte e ao renascimento. Essa divindade é frequentemente retratada com pele negra e sob o disfarce de um corpo mumificado. A gosma serviria então para simbolizar a conexão entre Osíris e os mortos.
Sarcófago do sacerdote Djedkhonsiufankh, que viveu durante a 22ª Dinastia
Fonte: Museu Britânico
Imagens: Museu Britânico/Reprodução