O último enigma do Egito: os seis órgãos da múmia Didibastet
Arqueólogos encontraram uma câmara funerária de cerca de 2600 anos na necrópole de Sacará, no Egito, na base da pirâmide de Unas. Lá dentro estava o sarcófago de uma mulher chamada Didibastet: uma múmia enterrada com seis vasos canópicos, recipientes usados para colocar os órgãos dos mortos durante o processo de mumificação. Mas um fato intrigou os pesquisadores: de acordo com a tradição egípcia, apenas quatro recipientes desse tipo costumavam ser enterrados junto com os corpos.
"Seus seis vasos canópicos são uma autêntica surpresa, pois a tradição consistia em extrair, embalsamar e armazenar em quatro recipientes os pulmões, o estômago ou baço, o fígado e os intestinos”, explicou o diretor da missão alemã-egípcia da Universidade de Tübingen, Ramadan Badri Husein, que pesquisa a quatro anos a área sul do cemitério de Sacará. Mas qual é a origem dessa prática?
Segundo os historiadores, o hábito tinha propósitos místicos e religiosos. O costume funerário daquela época era encomendar a proteção dos quatro recipientes a quatro divindades, conhecidas como os quatro filhos de Hórus - Imseti, Hapi, Duamutefe e Quebesenuefe. Cada um correspondia a um órgão: Imseti cuidava do fígado, Hapi dos pulmões, Duamutefe do estômago e Quebesenuefe dos intestinos.
Os pesquisadores acreditam que Didibastet era rica e por isso pôde pagar um serviço de embalsamamento mais luxuoso que incluía mais urnas. "Parece que Didibastet solicitou uma forma especial de mumificação que envolvia armazenar todos os seus órgãos em seis vasos. É uma indicação de sua posição socioeconômica", disse Husein. “Essa descoberta acentua o aspecto comercial da mumificação como uma transação diária entre indivíduos e embalsamadores que ofereciam diferentes pacotes de mumificação e opções de equipamento funerário”, comentou. Outras múmias com apenas um vaso foram encontradas no mesmo poço funerário, os que significa que, possivelmente, eram clientes com menos riquezas que Didibastet.
Fonte: El Mundo
Imagens: Saqqara Saite Tombs Project/Ramadan Hussein, Saqqara Saite Tombs Project/Matthias Lang/Philippe Kluge, via Universidade de Tübingen e Ministério das Antiguidades do Egito