Simulação 3D coloca em dúvida a autenticidade do Santo Sudário
Um experimento recente feito pelo brasileiro Cícero Moraes, especialista em reconstrução digital 3D, coloca em dúvida autenticidade do Santo Sudário. Os resultados indicam que o manto provavelmente não foi utilizado para envolver o corpo de Jesus Cristo após sua morte, como acreditam alguns.
Simulação virtual
O sudário mostra a figura de um homem com marcas e ferimentos compatíveis com uma crucificação, o que levou muitos a pensar que poderia ter pertencido a Jesus. No entanto, Moraes afirma que a impressão na famosa tela não poderia ter sido gerada por um corpo humano tridimensional.
Reconhecido por seu trabalho em reconstrução facial forense, o especialista fundamenta sua hipótese em uma simulação virtual criada com software de modelagem 3D. Para replicar o sudário, ele colocou uma tela sobre o modelo de um corpo e depois transferiu a imagem resultante para um plano 2D, revelando uma "imagem distorcida e muito mais robusta" do que a observada no chamado "Santo Sudário".
Moraes explica que “quando se envolve um objeto tridimensional com um tecido e ele deixa um padrão, como manchas de sangue, essas manchas formam uma estrutura mais espessa e deformada em relação à fonte original. Em termos gerais, o resultado seria uma impressão mais inchada e distorcida do corpo, e não uma imagem semelhante a uma fotocópia”.
Dessa forma, Moraes acredita que esta relíquia, uma das mais sagradas e, ao mesmo tempo, controversas do cristianismo, pode ter sido criada como uma obra de arte para inspirar os fiéis, mas duvida que tenha realmente tocado o corpo de Cristo. “Acho que a possibilidade de que isso tenha acontecido é muito remota”, afirmou, enfatizando que o sudário possui mais características artísticas do que históricas.
Segundo Moraes, a impressão no sudário só poderia ter sido gerada ao colocar o tecido sobre um objeto de baixo relevo, como uma escultura de pedra rasa, o que “evitaria que a imagem se deformasse”. Isso contrasta significativamente com a imagem resultante de sua simulação, que ficou esticada e alongada, muito diferente da aparência do sudário.
Registros históricos
Os primeiros registros históricos do Sudário de Turim datam da década de 1350. Um cavaleiro chamado Geoffroi de Charny supostamente o apresentou ao reitor da igreja de Lirey, na França, como a autêntica mortalha funerária de Jesus. Não há registro de como Charny conseguiu sudário, nem do paradeiro da peça durante os 1.300 anos desde a crucificação de Cristo.
O Santo Sudário foi investigado pela primeira vez em 1988, quando foi submetido à técnica de datação por carbono 14, que datou a origem do artefato entre 1260 e 1390 d.C., sugerindo que era um artefato da Idade Média, e não do século I d.C. Depois disso, outros estudos sugeriram que o artefato poderia ser autêntico.
A Igreja Católica não tem uma opinião oficial a respeito do Sudário. Para a instituição, fica a critério de cada fiel decidir se acredita ou não em sua autenticidade. A peça raramente é exibida em público.