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Astrônomos localizam a origem de misteriosos sinais de rádio detectados no espaço

Descoberta pode revelar novos fenômenos físicos e ajuda a entender pulsos cósmicos enigmáticos
Por History Channel Brasil em 12 de Dezembro de 2024 às 13:07 HS
Astrônomos localizam a origem de misteriosos sinais de rádio detectados no espaço-0

Pesquisadores identificaram, pela primeira vez, a origem de intensos sinais de rádio periódicos que intrigavam a comunidade científica desde 2022. Esses pulsos, que se repetem em intervalos regulares e por tempos prolongados, foram rastreados até uma estrela anã vermelha, possivelmente em órbita binária com uma anã branca — o núcleo de uma estrela que explodiu no passado. Um estudo sobre a descoberta foi publicado no periódico The Astrophysical Journal Letters.

GLEAM-X J0704-37

Os cientistas haviam detectado a fonte dos pulsos, que se repetem a cada 2,9 horas, com o radiotelescópio Murchison Widefield Array, na Austrália, e confirmaram sua localização com o telescópio MeerKAT, na África do Sul. "Apelidado de GLEAM-X J0704-37, ele produz pulsos de ondas de rádio com duração de um minuto, assim como outros transientes de rádio de longo período", disse Natasha Hurley-Walker, autora do estudo e pesquisadora da Universidade Curtin, em um artigo para o site The Conversation.

Segundo os pesquisadores, as evidências provavelmente indicam que o emissor de rádio não é a própria anã vermelha, mas sim um objeto invisível em órbita binária com ela. "Isso pode ser semelhante à forma como o vento estelar do Sol interage com o campo magnético da Terra para produzir belas auroras e também ondas de rádio de baixa frequência", disse Hurley-Walker. Fenômenos semelhantes já foram observados, mas o brilho e o intervalo desses novos sinais são únicos, apontando para possíveis variações ainda desconhecidas no comportamento dessas estrelas.

"Já conhecemos alguns sistemas como esse, como o AR Scorpii, onde variações no brilho da anã vermelha sugerem que a anã branca companheira a está atingindo com um poderoso feixe de ondas de rádio a cada dois minutos. Nenhum desses sistemas é tão brilhante ou tão lento quanto os transientes de rádio de longo período, mas talvez, ao encontrarmos mais exemplos, possamos desenvolver um modelo físico unificador que explique todos eles", completou a pesquisadora.

Fontes
The Conversation
Imagens
M. Garlick/University of Warwick/ESO