Pesquisadores encontram "ingredientes da vida" no asteroide Bennu
Uma nova análise das amostras coletadas do asteroide Bennu indica que a evaporação de água deixou para trás um resíduo salino contendo sais e minerais essenciais para a formação de compostos orgânicos complexos. A descoberta sugere que salmouras extraterrestres poderiam ter desempenhado um papel fundamental na evolução da vida. Um estudo sobre a descoberta foi publicado na revista Nature.
Conduzido por cientistas do Museu Nacional de História Natural do Instituto Smithsonian, o estudo descreve a presença de minerais que remontam à formação inicial do Sistema Solar. Os pesquisadores identificaram compostos que nunca haviam sido detectados em amostras extraterrestres. "Agora sabemos, graças ao Bennu, que os ingredientes brutos da vida estavam se combinando de maneiras realmente interessantes e complexas no corpo parental do asteroide", disse Tim McCoy, curador de meteoritos do museu e coautor do estudo.
O asteroide Bennu se formou há cerca de 4,5 bilhões de anos e sua origem pode estar ligada a um asteroide maior que abrigava bolsões de água líquida. Os resquícios dessa água evaporada contêm sais semelhantes aos encontrados em leitos de lagos secos na Terra. Os cientistas também detectaram carbonatos de sódio, um tipo de mineral nunca antes identificado diretamente em asteroides ou meteoritos.
Os resultados fazem parte das primeiras análises das amostras coletadas pela missão OSIRIS-REx da NASA, que trouxe à Terra cerca de 120 gramas de material do Bennu em setembro de 2023. "Tem sido uma alegria absoluta participar desta missão incrível e colaborar com cientistas do mundo todo para tentar responder a uma das maiores questões da humanidade: como a vida começou?", afirmou Sara Russell, mineralogista cósmica e coautora do estudo.
Embora a composição das salmouras do Bennu seja intrigante, ainda não está claro se o ambiente era propício para a formação de estruturas orgânicas altamente complexas. "Agora sabemos que temos os blocos básicos para avançar nessa jornada rumo à vida, mas não sabemos até onde esse ambiente poderia levar esse processo", concluiu McCoy.
Um segundo estudo, publicado simultaneamente na revista Nature Astronomy, traz novas informações sobre a composição do Bennu. Esse artigo descreve a presença de múltiplos aminoácidos essenciais para a formação de proteínas nas amostras do asteroide. Ele também relata a descoberta das cinco nucleobases que compõem o RNA e o DNA. Alguns desses compostos nunca foram observados em meteoritos que caem na Terra.