Avanço científico histórico: sol artificial ultrapassa a temperatura do próprio Sol
Especialistas do Centro de Pesquisa KSTAR da Coreia do Sul conseguiram estabilizar um "sol artificial" por 20 segundos a uma temperatura de mais de 100 milhões de graus centígrados, dentro de um dispositivo de fusão nuclear. O resultado supera o trabalho realizado pelo Joint European Torus, reator de fusão britânico, que havia alcançado as mesmas condições durante 10 segundos.
Segundo o Instituto Coreano de Energia e Fusão (KFE), em vez de usar combustíveis fósseis ou fissão nuclear para gerar energia, o dispositivo usa a fusão nuclear - uma união de núcleos de átomos. Este método pode ser usado quando dois elementos com baixo número de prótons se unem para formar o núcleo de um elemento pesado, capaz de liberar mais energia.
Dentro de estrelas como o Sol, ocorre um fenômeno semelhante à fusão nuclear. Porém, o maior problema que os físicos enfrentam é a conservação da energia gerada na câmara onde o gás se transforma em plasma. Outro desafio é como equilibrar sua temperatura, que é desigual.
Os especialistas prevêem que, em um futuro próximo, o KSTAR fará parte do International Thermonuclear Experimental Reactor (ITER), programa em que vários países participam na busca pela criação do maior tokamak (dispositivo no qual núcleos de hidrogênio se fundem para formar hélio e produzir energia) que já existiu. O objetivo é colocá-lo em funcionamento entre 2030 e 2035.
Cientistas da China também desenvolvem um projeto parecido. Esse tipo de dispositivo é projetado para acionar um processo de fusão nuclear, emulando a fonte da energia solar. O Sol é um reator natural de fusão onde a nucleossíntese estelar transforma elementos mais leves em elementos mais pesados com a liberação de enormes quantidades de energia. Para recriar isso na Terra, os cientistas devem aquecer o combustível a temperaturas acima de 100 milhões de graus Celsius. Nesse ponto, o combustível se torna um plasma. Esse plasma extremamente quente deve ser confinado no tokamak, que usa campos magnéticos para tentar estabilizá-lo, fazendo com que as reações possam ocorrer e a energia seja liberada.
Conter o processo de fusão dentro desse espaço seguro é um dos maiores desafios de projetos desse tipo. Como o plasma é propenso a produzir rajadas, há o risco de elas atingirem a parede do reator, danificando o dispositivo. Se o equipamento provar sua eficiência, poderá servir de modelo para futuros reatores de fusão nuclear, o que pode resultar em uma nova era de energia limpa ilimitada.
Fontes: Infobae e National Research Council of Science & Technology, via Phys.org
Imagens: Shutterstock.com e KFE/Divulgação