"Catástrofe mundial": ONU prevê que a Terra esquentará 2,8°C até o fim do século
A poucos dias da próxima conferência climática COP27, um novo relatório da ONU indica que a Terra pode sofrer um aquecimento de 2,8°C até o fim do século. “Nos dirigimos a uma catástrofe mundial”, alertou o secretário geral da entidade, António Guterres, que criticou a falta de ações concretas para frear as mudanças climáticas. “Os compromissos de neutralidade de carbono não valem nada sem planos, políticas e ações que os respaldem”, afirmou.
Consequências dramáticas
O relatório do programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente avaliou os atuais compromissos e ações mundiais para reduzir as emissões de gases de efeito estufa. Segundo o documento, embora a maioria dos países do mundo assumiram compromissos para reduzir as emissões de gases, eles não os estão cumprindo e, se a atual trajetória continuar, o aquecimento global pode resultar em consequências dramáticas.
Os autores do relatório dizem que a perspectiva delineada pelos compromissos internacionais "não é crível neste momento", sublinhando a grande diferença que se verifica entre as promessas feitas e os resultados obtidos até agora. Simon Stiell, diretor do escritório de Mudanças Climáticas da ONU, afirmou que os últimos compromissos internacionais sobre o assunto estão “muito longe” de alcançar o objetivo pautado no Acordo de Paris, que prevê limitar o aquecimento global a menos de 1,5°C.
Se forem cumpridos os compromissos concretos assumidos na última Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP26), realizada em Glasgow no ano passado, a projeção apenas diminui para 2,4 ou 2,6°C a estimativa de aumento da temperatura até o fim do século, disse Guterres. O relatório lembra que atualmente a Terra já está 1,1°C mais quente do que nos tempos pré-industriais.
O secretário geral da ONU pediu aos governos, principalmente aos do G20, o grupo das 20 maiores economias mundiais, a entidades privadas e instituições financeiras que fechem "a lacuna" entre esses compromissos e o que seria necessário para respeitar os objetivos do acordo de Paris. Lembrando a necessidade de investir massivamente nas energias renováveis, Guterres apelou ainda para a criação de um "pacto histórico" entre as economias desenvolvidas e emergentes, a fim de impulsionar uma transição energética justa.