Cientistas afirmam ter realizado o entrelaçamento quântico de seres vivos
Um novo estudo sobre um assunto pouco conhecido gerou grande controvérsia na comunidade científica. A pesquisa em questão envolve o conceito de "entrelaçamento quântico". O trabalho, assinado por uma equipe internacional de cientistas, foi publicado no site arXiv.
Entrelaçamento quântico biológico
Mas do que se trata o entrelaçamento quântico? Essencialmente, esse efeito faz com que um conjunto de partículas elementares compartilhe certas características ainda que não haja nenhuma ligação física entre elas. Assim, duas partículas distintas se comportariam como uma só, mesmo estando muito distantes entre si. Nunca houve um consenso científico a respeito desse conceito, que era questionado até mesmo por Albert Einstein, que classificava-o como uma "ação fantasmagórica à distância".
Além do conceito já ser polêmico por si só, o novo estudo extrapolou o campo da física quântica e envolveu seres vivos. Segundo a pesquisa, ainda sem revisão de outros cientistas, foi realizado o entrelaçamento quântico entre tardígrados, também conhecidos como ursos d’água, uma das espécies mais resistentes do planeta. Os pesquisadores expuseram essas criaturas microscópicas às temperaturas mais frias e às pressões mais altas possíveis, não apenas para testar seus limites biológicos, mas também para ver se um tardígrado congelado poderia ser incorporado em dois circuitos elétricos emaranhados quanticamente.
O experimento induziu os tardígrados a um estado de torpor, congelando-os ao extremo do zero absoluto. Em seguida, três deles foram colocados entre dois quadrados de capacitores de um circuito supercondutor que compõe um bit quântico, ou qubit, ou seja, a unidade de informação utilizada pela computação quântica. De acordo com os pesquisadores, eles fizeram esses híbridos de tardígrados e qubits se entrelaçarem.
“Nossa pesquisa é talvez a que combina mais de perto material biológico e material quântico com a tecnologia atualmente disponível. Apesar de muitos terem esperado resultados similares aos de objetos inanimados com uma composição parecida a do tardígrado, enfatizamos que observamos um entrelaçamento com um organismo completo, que conserva suas funcionalidades biológicas após o experimento”, afirmaram os pesquisadores.
Mas outros pesquisadores estão céticos a respeito do experimento. Douglas Natelson, presidente do departamento de Física e Astronomia da Universidade Rice, no Texas, declarou que o que os autores fizeram foi colocar um tardígrado sobre as partes capacitivas de um dos qubits acoplados. "O tardígrado é formado principalmente por água (congelada), e aqui atua como um dielétrico, mudando a frequência de ressonância do qubit no qual estava posicionado... Isso não é um entrelaçamento quântico em nenhum sentido significativo”, afirmou.