Cientistas conseguem reviver micróbios adormecidos desde a época dos dinossauros
Cientistas foram capazes de reviver micróbios adormecidos no fundo do Oceano Pacífico desde a época dos dinossauros. Segundo os cientistas, esses micro-organismos têm mais de 100 milhões de anos. O estudo foi publicado na revista Nature.
Durante décadas, os cientistas coletaram amostras de sedimentos antigos abaixo do fundo do mar para entender melhor o clima do passado, as placas tectônicas e o ecossistema das profundezas marinhas. A pesquisa revelou que após serem alimentados em laboratório com carbono, nitrogênio, amônia e aminoácidos, os micróbios coletados desses sedimentos com mais de 100 milhões de anos podem reviver e se multiplicar.
As amostras foram coletadas no Giro do Pacífico Sul, a parte do oceano com o menor número de nutrientes disponíveis para manter a cadeia alimentar marinha. O local é considerado uma espécie de deserto marinho, onde as condições de vida são hostis. "Nossa principal pergunta era se a vida poderia existir em um ambiente com poucos nutrientes ou se tratava-se de uma zona sem vida", disse o principal autor do artigo, Yuki Morono, cientista sênior da Japan Agency for Marine-Earth Science and Technology (JAMSTEC). "E queríamos saber por quanto tempo os micróbios poderiam sustentar sua vida na ausência quase absoluta de alimentos", completou.
A bordo do navio-sonda JOIDES Resolution, a equipe perfurou vários núcleos de sedimentos a quase seis mil metros abaixo da superfície do oceano. Os cientistas descobriram que o oxigênio estava presente em todos os núcleos, sugerindo que se o sedimento se acumular lentamente no fundo do mar a uma taxa de cerca de um metro ou dois a cada milhão de anos, o oxigênio penetrará no solo marinho. Tais condições possibilitam que micro-organismos aeróbicos - aqueles que necessitam de oxigênio para sobreviver - sobrevivam por escalas de tempo geológicas de milhões de anos.
Com procedimentos de laboratório aprimorados, os cientistas incubaram as amostras para o crescimento dos micróbios contidos nelas. Os resultados demonstraram que, em vez de serem restos fossilizados, os micro-organismos haviam sobrevivido e eram capazes de crescer e se dividir. "No início, eu fiquei cético, mas descobrimos que até 99,1% dos micróbios em sedimentos depositados há 101,5 milhões de anos ainda estavam vivos e prontos para se alimentar", disse Morono.
Fonte: JAMSTEC
Imagens: JAMSTEC/Divulgação