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Cientistas descobrem que anfíbio brasileiro alimenta filhotes com "leite materno"

Cobras-cegas produzem uma substância nutriente muito rica em carboidratos e ácidos graxos
Por History Channel Brasil em 21 de Março de 2024 às 13:05 HS
Cientistas descobrem que anfíbio brasileiro alimenta filhotes com "leite materno"-0

Pesquisadores do Instituto Butantan descobriram que um tipo de anfíbio ovíparo brasileiro alimenta seus filhotes com uma substância parecida com o leite materno. Esses animais, popularmente conhecidos como "cobras-cegas" ou "cecílias", pertencem à espécie Siphonops annulatus. Um estudo sobre a descoberta, cujo principal autor é o biólogo Pedro Luiz Mailho-Fontana, foi publicado na revista Science.

Substância composta de nutrientes

"Investigar o modo de vida das cobras-cegas é extremamente difícil", disse Carlos Jared, um dos autores do estudo, em um artigo publicado no site The Conversation". "Elas vivem envoltas pela terra, em um ambiente opaco e inacessível. Essas características são o principal fator que torna as cobras-cegas um dos grupos menos estudados em todas as áreas da biologia", completou. Para a pesquisa, foram observados 16 espécimes coletados na região cacaueira do Sul da Bahia.

No início de suas vidas, os filhotes de cobras-cegas são alimentados pelas mães com uma substância composta de nutrientes que se assemelha ao leite e é secretada pela cloaca. A análise bioquímica realizada na secreção mostrou que ela é muito rica em carboidratos e ácidos graxos, uma composição semelhante à encontrada no leite dos mamíferos. A substância é liberada várias vezes ao dia e ingerida de forma voraz pelos filhotes.

Segundo os pesquisadores, o cuidado parental dura em torno de dois meses após a eclosão dos ovos, que sempre ocorre no início do ano, estação quente e com muita chuva. Durante o estudo, os pesquisadores do Butantan também observaram que, nesta fase, os filhotes emitem sons para encorajar a mãe a secretar a substância. Isso indica que o animal pede pelo alimento assim como as crianças humanas choram quando estão com fome.

Fontes
Instituto Butantan e The Conversation
Imagens
Carlos Jared e Pedro Luiz Mailho-Fontana/Instituto Butantan/Divulgação