"Como ganhar na loteria": Ave raríssima é encontrada por pesquisador em SC

Um pesquisador da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) encontrou em Florianópolis uma ave considerada raríssima no Brasil. O pássaro pertence à espécie migratória Coccyzus erythropthalmus, popularmente conhecida como papa-lagarta-de-bico-preto. Esta é apenas a quinta vez na qual um desses animais foi registrado no país.

Ave migratória

A ave foi encontrada pelo doutorando em Farmácia Mateus Ribas durante um trabalho de campo no entorno da Lagoa da Conceição, na capital catarinense. O pesquisador estuda o impacto de ações realizadas pelo homem na saúde humana, animal e ambiental na região. Ele se deparou com o pássaro no fim de novembro, logo depois que Santa Catarina passou por um período de fortes chuvas. “Posso dizer que o registro dessa ave foi como ganhar na loteria”, afirmou Mateus.

O papa-lagarta-de-bico-preto é uma ave migratória, ou seja, estava viajando quando foi encontrada. O animal faz seu processo de nidificação no Canadá e nos Estados Unidos, passando o inverno na região noroeste e centro-oeste-central da América do Sul. “Até o momento, os escassos registros dessa espécie no Brasil foram categorizados como incidentais. Contudo, são necessárias mais pesquisas para esclarecer o padrão de migração dessa espécie no território brasileiro”, explicou o pesquisador.

Segundo Mateus, o papa-lagarta-de-bico-preto é reconhecido por sua plumagem predominantemente marrom, com um ventre branco e uma listra vermelha ao redor dos olhos dos adultos. Apesar das raríssimas aparições no Brasil, essa espécie não está ameaçada de extinção. “Sua capacidade de se adaptar a diferentes ambientes e sua ampla distribuição contribuem para a sua relativa estabilidade populacional na América do Norte”, afirmou.

A ave foi devolvida para a natureza após ter seu material biológico coletado e receber uma anilha. “Pelo fato desta ave ter sido anilhada, registros fotográficos e até mesmo novas capturas ao longo da migração deste indivíduo podem revelar novas informações sobre esta espécie tão interessante”, concluiu Mateus.