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Dois indivíduos de uma espécie de água-viva podem se fundir e se tornar um só

Descoberta surpreendente pode contribuir com pesquisas sobre regeneração e o sistema imunológico
Por History Channel Brasil em 07 de Outubro de 2024 às 16:00 HS
Dois indivíduos de uma espécie de água-viva podem se fundir e se tornar um só-0

Pesquisadores fizeram uma descoberta inesperada ao observar que uma espécie conhecida como água-viva-de-pente (Mnemiopsis leidyi) tem a capacidade de se fundir, transformando dois indivíduos em um só após uma lesão. Esses animais conseguem sincronizar rapidamente suas contrações musculares e unir seus sistemas digestivos, permitindo que compartilhem alimentos. Um estudo que detalha o processo foi publicado na revista Current Biology.

Fusão de sistemas nervosos

"Os nossos achados sugerem que os ctenóforos (filo ao qual pertence a espécie) podem não possuir um sistema de alorreconhecimento, a capacidade de distinguir entre o próprio corpo e outros", explicou Kei Jokura, da Universidade de Exeter, no Reino Unido, e do Instituto Nacional de Ciências Naturais, no Japão. Ele também aponta que "dois indivíduos separados podem fundir seus sistemas nervosos rapidamente e compartilhar potenciais de ação".

Água-viva-de-pente

A descoberta surgiu durante a observação de uma população de ctenóforos mantida em um tanque de água salgada no laboratório. Os pesquisadores notaram um espécime maior do que o comum, que parecia ter duas extremidades e dois órgãos sensoriais, levantando a hipótese de que a criatura fosse o resultado da fusão de dois indivíduos lesionados.

Para testar essa ideia, os cientistas fizeram experimentos removendo partes de outros ctenóforos e colocando-os próximos uns dos outros. Em 9 de 10 casos, os indivíduos feridos se fundiram e permaneceram assim por pelo menos três semanas, com suas contrações musculares se sincronizando completamente em poucas horas.

Os pesquisadores ainda não sabem como essa fusão contribui para a sobrevivência dos ctenóforos, mas acreditam que estudos futuros poderão esclarecer essa questão. "Desvendar os mecanismos moleculares por trás dessa fusão pode impulsionar pesquisas sobre regeneração e o sistema imunológico", afirma Jokura.

Fontes
Cell Press, via EurekAlert
Imagens
istock