Encontradas evidências da amputação cirúrgica mais antiga da humanidade
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Evidências da mais antiga amputação cirúrgica de um ser humano foram encontradas em uma caverna na ilha asiática de Bornéu. Segundo os pesquisadores, trata-se dos restos mortais de um jovem caçador-coletor que teve parte da perna removida há cerca de 31 mil anos. A "operação" é dezenas de milhares de anos anterior a outros procedimentos da idade da pedra cujos resquícios foram encontrados na Eurásia.
Paciente sobreviveu durante anos
De acordo com um comunicado da Universidade Griffith, na Austrália, a parte inferior da perna do esqueleto, incluindo o pé, foi "removida através de amputação cirúrgica deliberada". Além disso, "crescimentos ósseos relacionados à cura" sugerem que a ausência do membro não foi causada por um ataque de animal ou algum acidente trágico. O estudo, publicado na revista Nature, indica ainda que o paciente sobreviveu por pelo menos seis a nove anos após a cirurgia, antes de morrer aos 19 ou 20 anos de idade.
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“Na verdade, foi uma grande surpresa que esta antiga pessoa caçadora-coletora sobreviveu a uma operação infantil muito séria e com risco de vida, que a ferida se curou para formar um coto e que depois ela viveu por anos em terreno montanhoso com mobilidade alterada – sugerindo uma alta grau de cuidados comunitários”, disse a paleopatologista Melandri Vlok, da Universidade de Sidney, na Austrália.
Anteriormente, pesquisas arqueológicas na Eurásia e nas Américas haviam descoberto ossos humanos que apresentavam sinais de cirurgias pré-históricas, incluindo buracos perfurados em crânios (trepanação). Mas, até agora, a evidência mais antiga de cirurgia de amputação envolvia o esqueleto de 7 mil anos de um idoso agricultor da Idade da Pedra na França, cujo antebraço esquerdo havia sido cuidadosamente amputado logo acima do cotovelo.