Estudo que criou embriões híbridos de humanos e macacos levanta questões éticas
Uma equipe de cientistas dos Estados Unidos e da China conseguiu desenvolver embriões híbridos de humanos e macacos. De acordo com os pesquisadores, as formas embrionárias foram cultivadas em laboratório e sobreviveram por dez dias. O estudo levanta importantes questões éticas.
Quimeras
Esses embriões são chamados de "quimeras", uma referência aos seres da mitologia grega com cabeça de leão, corpo de cabra e cauda de dragão. Eles são o primeiro passo em direção ao objetivo de criar órgãos humanos transplantáveis. Além disso, algum dia eles poderão servir para testar tratamentos médicos, estudar o desenvolvimento embrionário e o envelhecimento celular.
No estudo, as quimeras foram criadas ao inserir células-tronco humanas em embriões de macaco, que foram então cultivados em laboratório. Os cientistas obtiveram melhores resultados do que em experimentos anteriores que usaram embriões de outros animais, como porcos ou ovelhas. Como a distância evolutiva entre humanos e macacos é menor, isso pode ter sido responsável pelo sucesso.
No caso desse estudo específico, os embriões foram descartados antes que se desenvolvessem, mas alguns cientistas se mostram preocupados, advertindo que algum experimento futuro pode levar o desenvolvimento adiante. Julian Savulescu, professor de ética na Universidade de Oxford, acredita que futuramente essas questões ficarão cada vez mais complicadas.
Para Savulescu, a questão ética fundamental diz respeito a que tipo de criaturas seriam essas quimeras. Até que ponto elas podem pensar e sentir? Seria aceitável retirar delas órgãos cultivados para fins de transplante? "Esta pesquisa abre a caixa de Pandora para a criação de quimeras humano-não-humanas", afirmou ele.
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Fontes: Live Science, Forbes, BBC e Deutsche Welle
Imagens: Shutterstock.com e Weizhi Ji/Kunming University of Science and Technology/Reprodução