Evento de Carrington: maior tempestade solar da história atingiu a Terra em 1859

Em 1859, astrônomos observaram a maior tempestade solar já registrada na história. Além de produzir auroras que foram visíveis até nos trópicos, o fenômeno também causou interrupções elétricas em todo o mundo, prejudicando o envio de telegramas. O episódio ficou conhecido como Evento de Carrington.

Energia de 10 bilhões de bombas atômicas

Na manhã de 1º de setembro daquele ano, o astrônomo amador Richard Carrington entrou em seu observatório particular perto de Londres, na Inglaterra, e mirou seu telescópio para o Sol. Logo, ele começou a ver um aglomerado de enormes manchas escuras na superfície do astro. De repente, Carrington avistou o que descreveu como “dois borrões de luz branca e intensamente brilhante” emergindo das manchas solares.

A enorme explosão solar, com energia equivalente a de 10 bilhões de bombas atômicas, expeliu gás eletrificado e partículas subatômicas em direção à Terra. Entre os últimos dias de agosto e o início de setembro, as comunicações telegráficas em todo o mundo começaram a apresentar falhas: houve relatos de faíscas saindo de máquinas de telégrafo, operadores levando choques e papéis se incinerando. O envio de mensagens se tornou impossível durante o evento.

Além disso, por todo o planeta, auroras impressionantes foram vistas em lugares onde o fenômeno raramente acontece. As luzes do norte (auroras boreais) foram observadas no extremo sul de Cuba e Honolulu, no Havaí, enquanto as luzes do sul (auroras australis) foram vistas no extremo norte de Santiago, no Chile. Enquanto algumas pessoas que nunca tinham visto nada parecido acreditavam que o fim do mundo havia chegado, outras começaram a trabalhar mais cedo ao ouvir o canto dos pássaros, ver o céu brilhante e acreditar que o Sol estava nascendo.

Amostras de gelo determinaram que o Evento de Carrington foi duas vezes maior do que qualquer outra tempestade solar nos últimos 500 anos. Qual seria o impacto de uma tempestade semelhante hoje? De acordo com um relatório da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos, o fenômeno poderia causar “extensas perturbações sociais e econômicas” devido ao seu impacto nas redes elétricas, comunicações por satélite e sistemas de GPS. Calcula-se que um evento similar causaria prejuízos que poderiam alcançar US$ 2 trilhões.