Fósseis de animal importante na evolução dos dinossauros são encontrados no RS
Um estudo liderado por pesquisadores brasileiros descreve um conjunto de novos fósseis com mais de 237 milhões de anos encontrados no Rio Grande do Sul. O animal, que em vida teria cerca de 1,5 metro de comprimento, foi batizado pelos especialistas de Gamatavus antiquus. Trata-se de uma nova espécie de um grupo chave na evolução inicial dos dinossauros.
Ancestrais dos dinossauros?
Segundo os pesquisadores, a espécie foi reconhecida com base em um dos ossos do quadril, muito característico de um grupo de dinossauromorfos conhecidos como silessauros. “É um grupo que até então não tinha sido recuperado em camadas tão antigas de nosso registro”, disse Flávio Pretto, paleontólogo do Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica (CAPPA) da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), que liderou o estudo, publicado no Journal of South American Earth Sciences. “Os dinossauros mais antigos que temos no Brasil têm por volta de 233 milhões de anos, mas sempre suspeitamos que pudesse haver algo nas camadas subjacentes”, completou.
“A dúvida que paira é onde os silessaurídeos se encaixam na evolução dos dinossauros”, complementou Maurício Garcia, pesquisador da UFSM. “Nossos estudos mais recentes têm proposto que eles poderiam ser uma linhagem ancestral aos dinossauros conhecidos como Ornithischia”, disse. Essa proposta contrasta com as hipóteses de parentesco originais para esses animais. “Silessauros eram historicamente considerados um grupo externo à Dinosauria, porém próximo à ancestralidade do grupo”, afirmou Debora Moro, pesquisadora da UFSM.
“Sejam os silessaurídeos dinossauros verdadeiros ou não, o fato é que preenchemos uma lacuna importante”, avalia Pretto. De acordo com os pesquisadores, já foram encontrados registros de silessauros em camadas geológicas similares em outras partes do mundo, como na Argentina, na Tanzânia e na Zâmbia. “De fato, no período Triássico, idade em que viveu o Gamatavus, os continentes todos estavam reunidos formando a Pangea. Faz muito sentido que a fauna e a flora desses lugares fossem parecidas, porque no passado eles estavam muito próximos geograficamente”, disse Voltaire Neto, da Universidade Federal do Pampa (Unipampa).