Herança genética dos neandertais pode ser crucial para enfrentar a COVID-19
O cruzamento entre neandertais e humanos é um fato conhecido da ciência. Por isso, o genoma herdado desses nossos primos distantes está espalhado em pequenas quantidades pelo DNA humano de hoje, influenciando desde a grossura dos pelos até o metabolismo. Agora, pesquisas recentes indicam que existe uma relação entre a presença desses traços genéticos com a reação do nosso sistema imunológico à COVID-19.
Anteriormente, os pesquisadores sabiam que os genes neandertais poderiam exercer influência em certas condições, como diabetes ou lúpus. Segundo os novos estudos, a COVID-19 entraria nessa lista de doenças. Duas seções DNA herdadas do Homo neanderthalensis parecem estar relacionadas com a resistência ou suscetibilidade à doença.
DNA neandertal e COVID-19
Em uma das pesquisas, publicada na revista Nature, os cientistas Svante Pääbo e Hugo Zeberg explicaram que uma cadeia de DNA neandertal (ou haplótipo), está associada a um risco aumentado de desenvolver casos graves de COVID-19. Se uma pessoa possui uma cópia dessa sequência, ela dobraria as chances de acabar na UTI. Mas, se alguém tiver duas cópias, correria um risco ainda maior.
No entanto, em um segundo estudo publicado no Proceedings of the National Academy of Sciences, pesquisadores relataram que o haplótipo neandertal localizado no cromossomo 12 tem uma capacidade protetora, mas também menos potência: ter uma única cópia do haplótipo pode estar associado a 22% menos chance de desenvolver a forama crítica da doença.
A disseminação dos vírus RNA (o SARS-COV-2 é um deles) consegue ser dificultada pelo haplótipo, pois as células infectadas acabam se autodestruindo imediatamente. Os especialistas tentarão determinar se a descoberta pode ajudar os médicos a avaliar quais pacientes de COVID-19 são suscetíveis a desenvolver sintomas mais graves da doença.
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Fonte: The Economist
Imagens: Shutterstock.com