Isaac Newton fez suas maiores descobertas durante quarentena contra a Peste
Entre 1665 e 1666, a Peste Negra devastou a Inglaterra: estima-se que 100 mil pessoas tenham morrido no país. Assim como acontece agora na pandemia de coronavírus, muita gente aderiu à quarentena para evitar a propagação da doença. Uma dessas pessoas foi o gênio Isaac Newton. Seu período em isolamento social foi tão produtivo que ficou conhecido como seu annus mirabilis, que pode ser traduzido como "ano milagroso" ou "ano das maravilhas".
A Peste aconteceu logo após Newton ter se graduado na Universidade de Cambridge, que fechou temporariamente devido à epidemia. Sem poder prosseguir seus estudos na instituição, o cientista aproveitou para fugir da doença se isolando na fazenda da família, na localidade de Woolsthorpe-by-Colsterworth. Além de estar localizado a uma distância segura dos portadores da Peste, Woolsthorpe oferecia o tipo de ambiente sereno e silencioso necessário para que as ideias inovadoras de Newton florescessem.
Naquele período, Newton desenvolveu o que viria a ser o alicerce da ciência moderna. Entre outros feitos, ele descobriu o cálculo, reconheceu os princípios subjacentes ao movimento dos corpos do sistema planetário, presumiu a existência da força gravitacional e determinou que a luz solar branca é composta de todas as outras cores, indo do vermelho ao violeta.
Em primeiro lugar, ele se debruçou sobre equações universais envolvendo quantidades flutuantes, uma questão que já havia sido abordada, em uma escala limitada, pelos matemáticos franceses René Descartes e Pierre de Fermat. Assim, ele sentiu a necessidade de criar ferramentas matemáticas específicas para exprimir as relações entre as grandezas relevantes da mecânica. Criou para este fim o chamado método dos fluxões, embrião do cálculo diferencial e integral.
Newton também voltou sua atenção para o estudo da óptica. Ele conduziu um experimento no qual perfurou um pequeno orifício na janela do quarto, interceptou o feixe de luz que se seguiu com um prisma e depois colocou um segundo prisma no caminho daqueles raios refratados. Isso permitiu a Newton calcular o ângulo de cada cor refratada, provando que a luz branca é composta por todos os componentes do espectro.
Por fim, esse foi o período que deu origem à lenda da maçã que caiu sobre a cabeça de Newton e o levou à dedução da teoria da gravidade. As coisas não aconteceram exatamente dessa maneira, mas um assistente de Newton disse que o cientista desenvolveu a ideia ao caminhar por um jardim de Woolsthorpe onde havia uma macieira. Lá, ele pensou nos princípios da inércia e em como uma maçã que se desprende da árvore é impedida de voar da Terra em direção ao espaço.
Newton deduziu que a força que puxa a maçã para baixo deve ser a mesma que puxa a Lua para a Terra. Além disso, a Lua também deve aplicar a mesma força de atração em direção à Terra, embora em menor escala. Isso levou à lei da gravitação universal, que sustenta que essas forças são proporcionais ao produto de suas massas e inversamente proporcionais ao quadrado da distância entre elas. Após o fim da Peste, em 1667, Newton pôde finalmente voltar para Cambridge e apresentar suas ideias que mudariam o mundo.
Fontes: Biography.com, Open Culture, USP e UFPB
Imagens: Godfrey Kneller (1646–1723), National Portrait Gallery, via Wikimedia Commons e Shutterstock.com