Nem do oceano, nem da Amazônia: de onde vem o oxigênio que respiramos?
É comum ouvir que o oxigênio que respiramos vem do oceano ou das florestas tropicais. No entanto, o biólogo espanhol Carlos Duarte, uma das autoridades máximas da vida oceânica, diz que essa afirmação não possui respaldo científico.
De onde vem o oxigênio?
“No oceano, assim como nos ecossistemas terrestres, a maior parte do oxigênio produzido é consumido pelos próprios organismos do sistema, tanto no caso das cianobactérias como no caso da Amazônia, em que o balanço do oxigênio é quase neutro”, explica Duarte.
“A fotossíntese produz oxigênio, mas toda a cadeia trófica e os micro-organismos o consomem, de forma que o balanço é de quase zero”, continua. Isso significa que as grandes quantidades de oxigênio geradas nos oceanos e florestas são consumidas pelos mesmos organismos que as geram.
Então, de onde vem o oxigênio que respiramos? “O oxigênio que está presente na atmosfera vem do evento da ‘Grande Oxigenação’, que ocorreu como o desenvolvimento da fotossíntese, há milhões de anos, e é esse oxigênio que continua sendo o legado que encontramos na atmosfera e que mantém nossa respiração”, afirma o especialista.
Trata-se de um processo que ocorreu há aproximadamente 2,4 bilhões de anos, pela proliferação de bilhões de cianobactérias. Muito mais tarde, há cerca de 600 milhões de anos, o processo teve outra fase, que completou a configuração atmosférica que conhecemos.
Além disso, Duarte afirma que, se todos os combustíveis fósseis da Terra fossem queimados, a enorme massa de oxigênio não diminuiria nem 3%. “A reserva de oxigênio na atmosfera é tão enorme, que se pudéssemos fazer uma experiência mental de apagar a fotossíntese, sem haver nova produção de oxigênio na biosfera, poderíamos continuar respirando, não somente nós, humanos, mas todos os organismos do planeta, durante três mil anos ou mais”.
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Fontes: Vozpópuli e The Conversation
Imagens: iStock