Novo estudo derruba as teorias que explicavam a extinção dos mamutes
Os últimos mamutes-lanosos (Mammuthus primigenius) do mundo morreram há cerca de quatro mil anos na Sibéria. Os dados genômicos coletados de fósseis desses animais nunca foram suficientes para determinar a causa da extinção da espécie. As principais hipóteses apontavam para a endogamia ou a caça, mas um novo estudo, publicado no periódico Cell, sugere outra explicação.
Grupo isolado
Pesquisas anteriores já haviam apontado que o último grupo desses mamutes ficou isolado na ilha de Wrangel, na costa da Sibéria, há 10 mil anos, quando o nível do mar subiu e separou essa região montanhosa do continente. Uma nova análise genômica de restos de 21 animais revelou que os animais isolados, que viveram na ilha durante os seis mil anos seguintes, se originaram a partir de um máximo de oito indivíduos, mas sua população cresceu durante gerações até se extinguir completamente.
Segundo o estudo, os genomas dos mamutes desse grupo, ao contrário dos animais do continente, mostravam sinais de endogamia e baixa diversidade genética, embora não o suficiente para explicar sua extinção. "Agora podemos rejeitar com segurança a ideia de que a população era simplesmente pequena demais e estava condenada a se extinguir por razões genéticas", afirmou Love Dalén, um dos autores do estudo. "Isso significa que provavelmente foi apenas um evento aleatório que os exterminou, e se esse evento aleatório não tivesse ocorrido, ainda teríamos mamutes hoje", completou.
A caça aos mamutes também não parece ter sido a causa de sua extinção, já que não foram encontrados sinais de presença humana na ilha. "Seria fácil encontrar fogueiras, estruturas habitacionais, fragmentos de sílex, ossos e presas retrabalhados, etc. Mas simplesmente não há vestígios de humanos que tenham interagido com os mamutes na ilha de Wrangel", observou Dalén.
Uma possível causa da extinção poderia ter sido uma doença infecciosa, possivelmente a gripe aviária, introduzida na ilha por pássaros. "Talvez os mamutes fossem vulneráveis a isso devido à reduzida diversidade que identificamos nos genes do sistema imunológico. Alternativamente, algo como um incêndio na tundra, uma camada de cinzas vulcânicas ou uma temporada climática realmente ruim poderia ter causado um ano de crescimento muito ruim para as plantas na ilha de Wrangel", comentou o cientista.
"Dado o quão pequena era a população [de mamutes], eles teriam sido vulneráveis a eventos tão aleatórios. É muito parecido com um assassinato misterioso, onde sabemos que algo causou a extinção e só precisamos continuar coletando evidências para descobri-lo", concluiu Dalén.