O “abominável mistério” que atormentou Charles Darwin
No ano de 1859, o naturalista inglês Charles Darwin publicou seu livro “A Origem das Espécies”, no qual explica que a evolução pela seleção natural atua com o “acúmulo de variações pequenas, sucessivas e favoráveis”. No entanto, duas décadas depois, aquele pensamento tão enraizado à ideia de que “a natureza não dá saltos” se viu afetado por um evento “extraordinário” na história.
Em uma de suas tantas cartas sobre o tema, Darwin mostrou sua frustração ao botânico inglês Joseph Hook, ao comentar sobre uma pesquisa sobre a flora dos alpes europeus, escrita pelo naturalista John Ball. “Até onde podemos julgar, o rápido desenvolvimento de todas as plantas superiores em tempos geológicos recentes é um abominável mistério”, afirmou Darwin.
A problemática enfrentada por sua teoria, segundo Darwin, é a aparição de forma abrupta, em conjunto com sua diversificação, que tiveram as plantas com flores na Terra. Para o naturalista inglês, esse pensamento é desconcertante “para todos os que acreditam em qualquer forma de evolução, especialmente para os que creem em uma evolução extremamente gradual”.
Segundo os especialistas, esse grupo, conhecido como angiospermas, teve sua primeira aparição há mais de 130 milhões de anos, conseguindo se diversificar em 300 mil espécies. Para William Friedman, professor de biologia evolutiva na Universidade de Harvard, a origem ou a diversificação das angiospermas não representavam um problema para Darwin, mas a “exceção extrema” à sua teoria.
Darwin, acreditava que no futuro seriam descobertos fósseis que comprovariam que as plantas e as flores também evoluíram lentamente. Friedman lamenta que o lendário cientista não tenha vivido tempo suficiente para ver que tinha razão. “Descobrimos fósseis muito importantes que nos ajudaram a entender as primeiras frases da diversificação das plantas com flores e fizemos grandes progressos, principalmente nos últimos 30 anos”, disse o professor de Harvard.
Fonte: BBC
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