O mistério dos cérebros humanos conservados por 12 mil anos
É sabido que o cérebro humano é extremamente frágil e propenso a se decompor rapidamente após a morte. No entanto, paradoxalmente, também é a parte mole mais frequentemente preservada em registros fósseis ao redor do mundo. Um estudo recente, conduzido pela pesquisadora Alexandra Morton-Hayward, da Universidade de Oxford, procurou entender por quê.
Preservação misteriosa
Publicado no periódico Proceedings of the Royal Society B Biological Sciences, o estudo foi feito com base em 4.405 cérebros humanos preservados de 213 locais em todo o planeta. A maioria desses órgãos foi preservada por desidratação pelo calor, como 500 cérebros de uma necrópole egípcia. Outros, como exemplares encontrados em um cemitério medieval de Paris foram preservados por saponificação (mudança química da gordura corporal convertida em composto ceroso similar aos sabões). Outros, no Alasca, foram preservados por congelamento.
Mas em 1328 cérebros analisados, sua preservação ainda é um mistério. Esses órgãos foram descobertos em uma ampla variedade de locais, incluindo sepulturas, montes funerários, naufrágios, caixões de madeira e de chumbo. Na imensa maioria dos casos, o cérebro foi o único tecido mole encontrado, o que sugere que esse órgão tem um método de preservação exclusivo.
Os cientistas acreditam que a interação química entre proteínas, lipídios e ferro da matéria cinzenta, com a argila das sepulturas, poderia ajudar a responder a esse estranho fenômeno de preservação. Chama a atenção o fato de que entre os cérebros os quais a ciência não conseguiu explicar sua conservação estão os mais antigos da pesquisa, com 12 mil anos de idade. Ambos foram encontrados em um mesmo local na Rússia, na década de 1920.