Pesquisadores descobrem “vírus fósseis” da era dos dinossauros no DNA humano
Uma nova pesquisa genética chegou a uma conclusão surpreendente sobre nossos antepassados. Há cerca de 100 milhões de anos, quando a Terra estava dominada pelos dinossauros, o DNA de um vírus conseguiu se integrar no genoma de um mamífero. Dois milhões de anos depois, o mesmo fenômeno voltou a acontecer com um outro vírus parecido. Agora, cientistas encontraram resquícios desses "vírus fósseis" dentro de células humanas.
Vírus Maverick
Os rastros de ambos os vírus foram descobertos por uma equipe de biólogos da Universidade de Oxford, que publicaram um estudo a seu respeito na revista bioRxiv. Aris Katzourakis, coautor da pesquisa, afirmou que os dois fósseis virais estavam "escondidos à plena vista no genoma humano". Segundo o cientista, eles pertencem a um antigo grupo de vírus de DNA chamados de "Maverick".
De acordo com os especialistas, de 5% a 10% do genoma humano é composto por retrovírus, como o do resfriado comum. Eles criam cópias de seus genes de RNA nos genomas das células que infectam, sendo transmitidos de geração em geração através das células que dão origem aos óvulos e espermatozoides. Com o passar do tempo, ocorrem mutações: no fim, eses vírus não podem mais se reproduzir e seus restos inativos ficam incrustrados no genoma.
No entanto, os vírus Maverick identificados agora são diferentes: eles não são retrovírus, mas vírus de DNA. Os restos fósseis desse tipo de vírus costumam ser encontrados em animais tais como peixes, répteis e anfíbios, embora não em mamíferos. Por isso os especialistas supõem que esses dois vírus podem ter sido uma praga para os mamíferos, do Jurássico até o Cretáceo. A partir desse período, os Maverick deixaram de ser registrados em mamíferos por alguma razão ainda desconhecida pela ciência, embora continuaram infectando peixes e outras espécies.
“Não há muitos vírus não-retrovirais em nosso genoma”, disse Katzourakis. Isso torna a descoberta única e surpreendente. “Este é o único vírus de DNA no genoma humano que conhecemos e certamente é a inserção não-retroviral mais antiga em nossos genomas", completou.